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A oposição de Angola, UNITA, pode ganhar as próximas eleições?

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No dia 4 de Abril, Angola celebrou o 20º aniversário do fim da sua guerra civil. Este conflito de 27 anos marcará este país por muito tempo, não apenas pelo número de vítimas e pessoas deslocadas, mas, em última análise, por quanto da sociedade ele destruiu.

O MPLA, que estava no poder desde a independência, emergiu como o vencedor indiscutível da guerra e reforçou o seu domínio sobre o Estado, sobre o qual ainda hoje exerce muita influência. A UNITA, o lado oposto, foi reduzida ao silêncio e a uma oposição bastante formal.

Mas as coisas podem mudar. Afinal, a UNITA tem agora um novo presidente: Adalberto da Costa Júnior (vulgarmente conhecido por ACJ), um líder mestiço à frente do partido criado por Jonas Savimbi.

ACJ é considerado um símbolo e tanto. Ele parece estar em sintonia com parte da população, especialmente a juventude urbana que não viveu a guerra civil e expressa abertamente seu descontentamento com a extrema pobreza, o desemprego e a falta de perspectivas.

As autoridades angolanas compreenderam desde cedo o perigo representado pela ACJ. Eleito em Novembro de 2019, o Tribunal Constitucional invalidou a sua nomeação em Outubro de 2021 porque o candidato se apresentou sem antes renunciar à nacionalidade portuguesa. Em Março passado, foi realizado um segundo congresso, durante o qual o resultado foi finalmente confirmado.

Convencido do seu sucesso eleitoral, ACJ exortou os seus apoiantes a manterem a calma e tentou evitar as ‘cascas de banana’ que tinham sido colocadas no seu caminho (eleições internas invalidadas, nomeando um homem suspeito de ser um “activista do MPLA” como chefe Comissão Nacional Eleitoral, acusações de incitar manifestações de rua, etc.).

Seu presidente emula uma força silenciosa tanto ao operar dentro como fora do partido. ACJ adopta facilmente a postura “presidencial” quando viaja para o exterior, especialmente para os EUA e Israel, onde defende eleições transparentes.

Depois há o registo de João Lourenço. Apesar de dois anos de Covid-19, seu mandato de cinco anos marcou uma ruptura – ainda que incompleta e parcial – com o governo dos Santos. Não só no combate à corrupção, mas também na abertura económica praticada.

Todos os investidores são agora bem-vindos em Angola, onde, segundo quase todos, é mais fácil fazer negócios. Os organismos internacionais (Banco Mundial, FMI, IFC) regressaram a Luanda e todos consideram satisfatório o registo de Lourenço. 

A boa gestão económica e financeira de José de Lima Massano – Vera Daves De Sousa , respetivamente governador do Banco Central e ministro das Finanças, contribuiu sem dúvida para esta satisfação.

Naturalmente, caberá aos angolanos, que esperavam que a sua situação melhorasse rápida e significativamente, decidir. Este aspecto social continua a ser o ponto fraco do registo de Lourenço. Mas isso poderia mudar em tão pouco tempo? O atual presidente sem dúvida encontrará as palavras para convencê-los a lhe dar mais tempo.

Sem julgar as capacidades de seus líderes, essa inexperiência pode revelar-se uma fraqueza. Essa lacuna só pode ser preenchida por uma abertura política que permita à oposição concorrer em determinados municípios ou mesmo se associar ao governo. Só então se pode falar de “reconciliação”, que é sinônimo de 4 de abril, e de sua nova paz.

AFRICA REPORTER

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