O Banco Sol, um dos nomes mais reconhecidos no panorama bancário angolano, anunciou um plano de despedimento em massa que poderá afectar até 30% dos seus funcionários em todo o país até 2027.
A medida, aprovada pelos accionistas numa assembleia realizada em Janeiro deste ano, visa “reajustar a estrutura operacional” à luz das exigências do Banco Nacional de Angola (BNA).
De acordo com uma nota de imprensa a que o Novo Jornal teve acesso, a instituição financeira, fundada em 2001, vai ainda vender activos imobiliários como parte do seu Plano de Reestruturação e Recapitalização (PRR). O documento foi avalizado pelo próprio BNA, que supervisiona o sector bancário nacional.
A decisão surge após um “profundo diagnóstico financeiro, económico e patrimonial”, conduzido pela nova administração. O objectivo declarado: garantir a sobrevivência do banco num ambiente cada vez mais regulado, competitivo e exigente. No entanto, os impactos não serão apenas internos.
👥 Famílias poderão ser afectadas
A redução de 30% da força de trabalho representa um corte dramático num universo de centenas de trabalhadores, muitos dos quais sustentam famílias numa conjuntura a registar índices de empregabilidade pouco famosos. A medida pode agravar a já difícil situação do mercado laboral angolano, num contexto em que a taxa de desemprego juvenil ultrapassa os 56% (INE, 2023).
“Estamos a falar de pais e mães de família, com créditos, filhos na escola e contas a pagar. É um abalo emocional e financeiro profundo”, comentou um economista ouvido pela redação, que preferiu anonimato.
🏦 Confiança no banco em xeque?
Embora a administração do Banco Sol sustente que esta reestruturação visa “reposicionar o banco e reforçar a sua solidez”, analistas alertam que os cortes agressivos, associados à venda de activos, podem fragilizar a imagem da instituição junto dos seus clientes, parceiros e do próprio mercado financeiro.
A movimentação ocorre num contexto de crescimento das exigências regulatórias e de saneamento de instituições financeiras pelo BNA, que nos últimos anos fechou ou forçou a fusão de diversos bancos em dificuldades — incluindo o BCI, Banco Postal e Banco Kwanza Invest.
📉 Sinais de alerta para o sector bancário
O anúncio do Banco Sol levanta novas preocupações sobre a estabilidade estrutural da banca angolana, marcada por problemas de governação, fraca rentabilidade e exposição a riscos não controlados. A própria necessidade de recapitalização indica um desequilíbrio patrimonial que pode ter sido subestimado durante anos.
Especialistas afirmam que este caso deve servir de alerta para a necessidade de maior supervisão, transparência e prudência na gestão das instituições financeiras no país.