“Incapacidade de diversificar, elevados custos de produção e falta de infra-estruturas físicas de suporte” são os principais pontos fracos do sector, identificados pela AIPEX.
O investimento estrangeiro no sector agrícola em Angola está longe de atingir os níveis desejados perante a ‘avalanche’ de importação de produtos agro-alimentares.
Dados da AIPEX indicam que nos últimos cinco anos, o país registou um investimento externo no sector avaliado em 379 milhões de USD, uma média de 75 milhões USD/ano, como resultado de 28 projectos.
O ambiente de negócios desfavorável é considerado o principal factor inibidor de entrada de investimentos estrangeiros no sector, com realce para a segurança jurídica, fraca produção agrícola e altos custos de produção, provocada pela ausência de uma cadeia de valor estruturada.
A “incapacidade de diversificar, os elevados custos de produção, a incapacidade de importação de insumos e equipamentos, o investimento e financiamento, certificação e falta de infra-estruturas físicas de suporte” são os pontos fracos do sector, como mencionou José Gama Sala, administrador da AIPEX.
Segundo o diagnóstico da AIPEX, constituem ameaças ao sector a futura indisponibilidade de mão-de-obra, falta de quadros especializados, a possibilidade de escassez de cultivo, forte concorrência, deficiente distribuição de electricidade no país e a degradação das infra-estruturas.
Embora a tradição histórica de exportações de alguns produtos como o café, a banana, o algodão, as disponibilidades de áreas para a plantação de produtos em grande parte do território nacional, entre outras condições, sejam os pontos fortes, não suplantam os desafios para a produção interna.
O desafio do aumento demográfico
As perspectivas de crescimento populacional mundial aumentam a pressão sobre a escassez alimentar, segundo um relatório da PwC, cuja previsão do aumento aponta para uma cifra acima dos nove mil milhões até 2050.
O documento estima que este crescimento populacional pode aumentar a procura por bens alimentares à volta de 70%, cenário que a consultora entende ser uma oportunidade para África transformar-se na principal fonte de abastecimento de produtos alimentares do mundo, devido às condições naturais favoráveis e ao forte potencial de produção agro-alimentar deste continente.
De acordo com a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO), citada no documento, o agronegócio contribui com 65% do emprego e 75% do comércio interno, em África. O continente ostenta uma taxa de crescimento de 5% ao ano, o que poderá resultar na triplicação do seu Produto Interno Bruto (PIB) até 2030.
“SE CONTINUAR A CRESCER A ESTE RITMO, O PIB DE ÁFRICA PODERÁ SUPERAR O DA ÁSIA EM 2050. COM LIGAÇÕES DIRECTAS COM O RESTO DA ECONOMIA, O AGRO-NEGÓCIO E A INDÚSTRIA DE AGRO-PROCESSAMENTO PODEM VIR A SER O CATALISADOR NECESSÁRIO PARA IMPULSIONAR ESSE NÍVEL DE CRESCIMENTO EM ÁFRICA”, LÊ-SE NO DOCUMENTO.
Consta que a agricultura e o agro-negócio vão-se tornando cada vez mais relevantes, à medida que a segurança alimentar se revela num tema cada vez mais pertinente.
Entretanto, recomenda-se que as empresas do sector do agronegócio, em África, estejam preparadas para os contornos da indústria em que estão inseridas, nomeadamente os factores externos que têm um impacto determinante e as regras dinâmicas “do jogo”, para se tornarem líderes e verdadeiros players de referência da indústria.
Economia e Mercado