Anita Chimbili não é apenas um nome nos arquivos da história angolana. É um símbolo de resistência, coragem e resiliência.
Uma das figuras femininas mais marcantes da luta armada em Angola, Chimbili desafiou estereótipos, combateu nas fileiras da UNITA e se tornou guarda-costas pessoal de Jonas Savimbi, o carismático líder guerrilheiro. Hoje, aos 79 anos, a sua vida é um testemunho vivo das batalhas que forjaram o país.

Da Jamba para a Guerra: A formação de uma Líder
Nascida na década de 1940, Anita Chimbili emergiu como uma força dentro da UNITA durante os anos mais sangrentos da guerra civil. Treinada nas bases militares do movimento, especialmente na Jamba, no sul de Angola, a sua disciplina e bravura chamaram a atenção de Savimbi. Não demorou para que se tornasse a sua protetora pessoal, uma posição raramente ocupada por mulheres num cenário dominado por homens.
O Batalhão 89: A Revolução Feminina na Guerrilha
Em 1989, a UNITA oficializou o Batalhão 89 (BAT 89), o seu primeiro contingente exclusivamente feminino. Apesar de mulheres como Chimbili já estarem na linha de frente desde 1978, a criação do batalhão marcou um reconhecimento tardio — mas histórico — da participação das mulheres na guerra. No entanto, segundo o jornalista José Gama, o teto de vidro permaneceu: nenhuma mulher alcançou o generalato na UNITA, com a patente máxima concedida a ex-combatentes sendo a de coronel.
Pós-Guerra: A Batalha pela Reconstrução
Com o fim do conflito, Anita Chimbili trocou o fuzil pelos livros. Estabelecendo-se em Luanda, dedicou-se aos estudos na área da fisioterapia. Hoje, é considerada uma “biblioteca viva” da história angolana, guardando memórias que muitos prefeririam esquecer.
Legado: Por que é que Anita Chimbili não pode ser esquecida?
A sua trajetória vai além da guerra. É um lembrete do papel fundamental das mulheres na luta pela liberdade — muitas vezes apagado pela narrativa oficial. Enquanto Angola debate o seu passado e futuro, figuras como Chimbili desafiam o apagamento histórico.
“Nossa história não será apagada”, parece dizer Anita, com a sua presença invisível e silenciosa, mas firme, nas ruas de Luanda. E, aos 79 anos, ela ainda tem muito a contar.