Serviço de Investigação Criminal registou, de Janeiro até à data, um total de 2 789 processos relacionados aos crimes informáticos, causando perdas de avultadas somas monetárias.
Os dados foram revelados, há dias, em Luanda, pelo chefe de Departamento de Crimes Cibernéticos do SIC, António Ndakupapo, quando abordava o tema “O Panorama dos Crimes Informáticos em Angola”, durante a 3ª edição do CyberSecur Summit Angola. Dos números apresentados, especificou, um total de 47 processos foram concluídos e remetidos ao juízo, tendo resultado em 97 detidos.
“A título de exemplo, gostaria de trazer aqui duas denúncias de duas cidadãs que recebemos esta semana (semana passada), em que uma perdeu 18 milhões de kwanzas e a outra 27 milhões de kwanzas, por interesse em adquirir euros através da rede social Facebook”, indicou o responsável.
As principais denúncias recebidas pelo SIC, de acordo com António Ndakupapo, estão relacionadas com burla informática, acesso legítimo, falsidade informática, atribuição de falsa identidade, crimes contra honra [difamação e calunia], danos em dados informáticos e intersecção ilegítima em sistemas informáticos, sendo que as burlas online são as que mais afectam a sociedade angolana.
“Há ataques que ocorrem nas empresas. No entanto, muitas dessas empresas não apresentam queixas. Já vimos casos em que as empresas foram afectadas e só apresentaram queixas depois de dois ou três meses”, explicou.
O especialista apontou também algumas dificuldades na resolução dos crimes cibernéticos, afirmando que a criminalidade informática é transnacional. “Nós estamos aqui a mencionar o Facebook, mas não temos esta rede social [sedeada] em Angola. Os dados dos angolanos estão sedeados fora do país”, sublinhou. Apesar disso, garantiu que “a Direcção de Combate aos Crimes Informáticos a nível operacional trabalha com Facebook e rapidamente conseguimos retirar ou denunciar um perfil do ar”.
Para o responsável, há necessidade de se envolver o processo criminal para que se avance para a prova digital. “Essa questão é muito dependente do titular da acção penal, no caso a própria Procuradoria-Geral da República. Por exemplo, às vezes solicitamos dados e eles dizem que não podem ceder esses dados, porque há necessidade de uma ordem judicial”, lamentou o responsável, tendo defendido a necessidade da existência de uma legislação, no sentido de permitir que as autoridades judicias possam solicitar esses dados ao exterior para possibilitar um maior esclarecimento desses casos.
O coordenador de cibersegurança da Paratus Angola, Luís Kiambata, que defende que os cidadãos e as empresas devem ter a obrigatoriedade de reportar os casos às entidades competentes que estão preparadas para detectar, investigar e combater os cibercriminosos, nomeadamente a Agência de Proteção de Dados e o Serviço de Investigação Criminal.
“É necessário educar e consciencializar as pessoas e as empresas de que existem mecanismos que podem ajudar a mitigar tais situações. A Paratus Angola, por exemplo, oferece aos seus clientes serviços de resiliência cibernética focados na protecção da confidencialidade, integridade e disponibilidade dos dados, garantindo a continuidade do negócio dos seus parceiros e clientes”, disse.
LUSA