A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) emitiu um alerta severo: a liberdade de imprensa está em deterioração alarmante nos Estados Unidos, em especial durante o segundo mandato do ex-presidente Donald Trump.
O país caiu para a 57ª posição no Índice Mundial de Liberdade de Imprensa de 2025, atrás de países como Serra Leoa.
A RSF destaca que Trump cortou financiamento a veículos públicos como a Voice of America e a Radio Free Europe/Liberty, além de restringir o apoio externo à imprensa em países em desenvolvimento — medidas vistas como parte de uma deriva autoritária.
A deterioração coincide com um colapso económico no ecossistema de mídia: milhares de redações fecharam por falta de financiamento. Os anúncios online, que totalizaram US$ 247,3 mil milhões em 2024, são cada vez mais absorvidos por gigantes como Google, Facebook e Amazon, em detrimento do jornalismo independente.
“Jornalistas empobrecidos não têm meios para resistir à desinformação e propaganda”, alerta Anne Bocandé, diretora editorial da RSF.
Com ações judiciais contra a CBS e ameaças ao The New York Times, Trump é acusado de usar o sistema judicial como arma contra a imprensa. O Comité para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) pede que as redações formem uma frente unida contra o que classifica como uma “onda crescente de intimidação”.
A crise é global: Argentina, sob Javier Milei, caiu 21 posições, enquanto a Tunísia desceu para a 129ª. Em Gaza, quase 200 jornalistas palestinos foram mortos por ataques israelenses, e a RSF denuncia repressão sistemática e deliberada, apresentando queixa ao Tribunal Penal Internacional.
Para a RSF, o mundo atravessa um momento crítico: mais da metade dos países oferecem hoje condições precárias para o jornalismo. A liberdade de imprensa, um dos pilares das democracias, está sob ataque — e os desertos de notícias só aumentam.