O Executivo aprovou ontem, em reunião do Conselho de Ministros, o início do processo de ajustes fiscal e cambial, para alinhar a economia angolana a um ambiente referenciado como normal.
Denominado Programa de Estabilização Macroeconómica para o ano 2018, o documento tem como elementos fundamentais a consolidação fiscal e estabilização do mercado cambial, em torno dos quais irão mover os demais domínios, de acordo com o comunicado de imprensa da reunião orientada pelo Presidente da República, João Lourenço.
O Quadro Macroeconómico de Referência 2018, aprovado em Outubro, já previa o ajustamento controlado da taxa de câmbio, com vista a redução do diferencial cambial entre os mercados formal e informal.
A flexibilização do mercado, sem prejuízo da estabilidade do nível geral de preços da economia. A taxa de câmbio oficial do BNA, inalterada há mais de um ano e meio, coloca o dólar a valer 166 kwanzas, contra uma cotação, no mercado informal, que está acima dos 400 kwanzas.
O ajuste cambial efectuado nos últimos três anos levou à deterioração de variáveis económicas.
Por exemplo, a taxa de inflação atingiu 45 por cento em 2016, a mais alta em mais de uma década, o que torna necessário um ajuste cambial eficaz, por via de uma combinação adequada de medidas e acções que propiciem a desinflação e a redução da diferença cambial entre os mercados primário e informal e, deste modo, a eliminação da sobrevalorização da moeda nacional.
No seu relatório, o Fundo Monetário Internacional (FMI) também defende uma maior flexibilidade da taxa de câmbio, que considera “fundamental para salvaguardar a estabilidade macroeconómica”.
No entanto, destaca, tem de haver uma abordagem “gradual”, de modo “a impedir o aumento das pressões inflacionárias”.
O comunicado da reunião de ontem do Conselho de Ministros sublinha que o Programa de Estabilização Macroeconómica visa “a partir do imediato e de forma efectiva, dar início a um processo de ajuste macroeconómico, do ponto de vista fiscal e cambial” e acrescenta que as políticas dos sectores monetário, financeiro e real devem ser conduzidas para o ajustamento fiscal e cambial, bem como para mitigar os efeitos adversos.
O programa, de acordo ainda com o documento, foi desenvolvido utilizando uma metodologia robusta que viabiliza a sua implementação efectiva e programática, ao mesmo tempo que permite um acompanhamento eficiente, considerando os objectivos previstos para cada um dos domínios.
O Executivo pretende, assim, um regime ”cambial de flutuação administrada dentro de uma banda compatível com a meta de inflação e o nível das Receitas Internacionais Líquidas que assegure, pelo menos, oito meses de importação.
Actualmente, as Receitas Internacionais Líquidas apenas cobrem menos de seis meses, o que torna urgente o ajuste, de acordo com o Executivo que persegue, igualmente, a aceleração do crescimento da economia real.
Receitas tributárias
Para aumentar a robustez das receitas tributárias, o Executivo vai avançar com a actualização do Quadro de Isenções Tributárias, reforma do Imposto sobre o Rendimento de Trabalho, agravando as taxas no sentido proporcionalmente inverso ao nível do rendimento.
De igual modo, o Executivo vai aumentar as taxas de imposto sobre consumo de bebidas alcoólicas, sobre as casas nocturnas e sobre jogos e lotarias, além da cobrança de impostos segundo o método indiciário para as actividades da economia informal e seminformal.
Incentivos petrolíferos
O Conselho de Ministros apreciou uma Proposta de Lei de Autorização Legislativa que habilita o Presidente da República, enquanto Titular do Poder Executivo, a legislar sobre matérias de natureza fiscal.