O CD retoma o editorial do jornal Expansão cujo ângulo de abordagem recai sob a valorização da moeda angolana o kwanza.
João Armando empunhou a pena para esclarecer que “Se para as finanças esta valorização do kwanza era uma bênção dos deuses, para a economia começou a tornar-se um problema.”
O editorial prossegue..
Se, por um lado, é fundamental ter uma moeda forte e indicadores financeiros mais encorpados, também é necessário olhar para a diversificação económica, para o PIB, para o investimento estrangeiro.
O kwanza esteve durante o último ano a ser empurrado para cima, resultado de medidas concretas tomadas pelo banco central.
A conjuntura internacional também concorreu para um maior volume de divisas que entrou no País pelo aumento das exportações, que cresceram mais rapidamente que as importações, solidificando um superavit solidamente positivo.
Quase 40% de valorização face ao dólar desde Janeiro de 2021, o que tornou as nossas demonstrações financeiras muito mais apetecíveis.
A dívida a baixar, as reservas internacionais a crescer, embora os preços, a inflação não baixava. Ou seja, compramos durante 15 meses por menos kwanzas, mas os preços nos mercados não baixavam, a inflação continuou a aumentar.
A diversificação económica também não estava a avançar ao ritmo que se desejava, alguns investimentos estruturantes de capital estrangeiro não estavam “a entrar”, a nossa produção estava a ficar cada vez menos competitiva face às importações de produto acabado, embora os insumos e os equipamentos estivessem mais baratos.
Mas isso também tem a ver com o péssimo ambiente de negócios que ainda temos e com os problemas de toda a espécie que são colocados aos empresários que querem trabalhar de uma forma direita e transparente, aos que optam por não fazer uma distribuição antecipada de futuros rendimentos.
Ou seja, se para as finanças esta valorização do kwanza era uma bênção dos deuses, para a economia começou a tornar-se um problema.
Se, por um lado, é fundamental ter uma moeda forte e indicadores financeiros mais encorpados, também é necessário olhar para a diversificação económica, para o PIB, para o investimento estrangeiro.
E para o médio e longo prazo. Se o preço do petróleo voltar a cair, e se não tivermos uma malha de produção nacional capaz de suportar o impacto (leia-se necessidade) de baixar as importações, podemos voltar a entrar do “carrocel” dos cambiais que levou o valor do dólar quase até aos 700 Kz.
O BNA reagiu primeiro com o aviso que permitia aos bancos “segurar” em casa 10% da sua moeda estrangeira e, agora, com a baixa das reservas em moeda nacional, sendo que acreditar que esta se deve à necessidade de a banca comercial ter fundos para responder ao programa de crédito à habitação que começa este mês, é apenas olhar para árvore e esquecer a floresta.
A questão que precisa de resposta é “qual deve ser o valor do kwanza para satisfazer as finanças e a economia, no nosso estado actual de desenvolvimento?”.
Pelo que se percebe, 400 Kz/1 USD parece ser demasiado alto. 450 Kz pode ser o valor? Certamente que cada um terá a sua opinião e argumentos de suporte.
Não esquecer também que a guerra na Ucrânia está a mexer com o equilíbrio cambial no mundo, e que o dólar ultrapassou o euro.
Por mim, não consigo responder à questão que me colocaram durante toda a semana, “o kwanza vai cair até quanto?” Mas aceitam-se apostas…