O objectivo da iniciativa é criar um hub de partilha de ideias, motivar com histórias reais que serão contadas e criar um amplo network de criativos, especificamente para área do designer.
Dois Jovens angolanos criaram e lançaram, a 20 de Janeiro de 2022, uma plataforma digital para juntar criadores da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) em diversas áreas de tecnologia, onde trocam ideias e informações de cada Estado-membro.
Em entrevista a FORBES ÁFRICA LUSÓFONA, os mentores da plataforma em espécie de podcast, denominado “Mais Criativo”, contaram que a ideia de juntar vários criativos surgiu da necessidade de captar conteúdo dos países da CPLP e principalmente dos africanos de língua oficial portuguesa.
“Existe hoje uma diversidade de conteúdos na internet, dos quais são pouquíssimos programas que mostram e dão voz aos profissionais criativos luso-africanos. Temos visto com frequência muitos filmes publicitários, outdoors nas ruas, produtos/embalagens, videoclipes musicais e até prémios para publicidades, mas pouco sabemos sobre as pessoas que passam horas a trabalharem por trás desse leque de produtos, desde as ideias, a execução, as ferramentas – editores de imagens e de vídeos, entre outros, sublinhou Alberto Charamba, um dos mentores da plataforma.
Designer gráfico de 30 anos de idade, Alberto Charamba refere que a plataforma vai criar uma base de dados, “um acervo histórico” que pode vir a servir como referência para as gerações vindouras.
Um dos maiores objectivos do podcast é criar um hub de partilha de ideias, motivar com histórias reais que serão contadas e criar um amplo network de criativos, especificamente para área do designer, onde se que priorisar os angolanos e posteriormente os outros países da lusofonia em África.
“O jovem angolano tem de viver sem limites, sem medo e cientes de que diferente apenas do Brasil e de Portugal, que são já mercados maduros em tecnologias e designer, vamos ter de nos esforçar o dobro para percorrer metade do caminho, mas que isso não sirva de desculpa, e sim de motivação”, realçou Gelson Lobato, 37 anos de idade, também fundador da plataforma Mais Criativo Podcast.
“A internet está aí a se provar uma ferramenta bastante democrática, que tem dado ao mundo oportunidades para visibilidade e crescimento financeiro a muitas pessoas de diferentes backgrounds. As pessoas então a estudar bastante, a entender o seu mercado e testar, testar, testar até funcionar”, frisou Gelson, afirmando que os jovens dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) têm “muito potencial”, faltando-lhes ser mais unidos. “Não temos a nossa base de dados com vários profissionais criativos onde podemos encontrar trabalhos feitos por moçambicanos, são-tomenses e guineenses”, exemplificou.
“Por enquanto, estamos a tirar dos nossos salários e estamos a injectar no Mais Criativo. Sem apoio é meio complicado, mas vamos chegar lá”, afirmam confiantes.
Projecto recebe feedback positivo
Sem avançar números exactos de criativos que fazem parte da plataforma, os dois angolanos garantem estarem a receber feedback “positivo” por parte dos subscritores e seguidores da plataforma digital de vários países da CPLP, pouco mais de um ano depois.
“Conseguimos medir isso pelas partilhas e interações dos conteúdos produzidos por nós. Muitos acompanham o podcast, não importa o local. Estamos satisfeitos com os resultados até agora. As reacções positivas são provenientes de diversas partes. Além de Angola, recebemos do Brasil, Moçambique e Portugal, maioritariamente do pessoal da comunidade criativa em geral. Eles agradecem e dizem que precisavam de um espaço assim para dar voz aos criativos”, sublinha Gelson Lobato.
A plataforma “Mais Criativo Podcast” resulta de um investimento de 2 milhões kz (perto de 4 mil USD) de economias feitas por Alberto e Gelson, maioritiriamente aplicado na estrutura que oferece hoje “todas as condições” para realização e materialização do projecto.
Para este ano a aposta continuará a ser na sustentabilidade para produção semanal do podcast, criação de eventos pequenos (presenciais e online) e workshops, “100% gratuitos para o público em geral”, com o objectivo de unir todos jovens criativos da lusofonia.
FORBES