Angola arrecadou 6,4 mil milhões USD com a exportação de petróleo no primeiro trimestre de 2025, uma queda de 18% face aos 7,8 mil milhões registados no mesmo período do ano passado.
O declínio nas receitas deveu-se à redução do volume exportado e à queda do preço médio do crude angolano, segundo o relatório trimestral do Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás (Mirempet).
Queda na produção e nos preços
Entre Janeiro e Março, as petrolíferas que operam em Angola exportaram 85,1 milhões de barris, contra 94,4 milhões no primeiro trimestre de 2024 — uma quebra de 9,8%.
Além disso, o preço médio do barril caiu de 82,3 USD para 74,8 USD, uma desvalorização de 9%, acompanhando a trajectória descendente do Brent nos mercados internacionais.
De acordo com o Mirempet, os preços das ramas angolanas seguiram o comportamento do Brent datado, que fechou esta semana abaixo dos 61 USD, nove dólares a menos do que a referência inscrita no Orçamento Geral do Estado (OGE).
Pressão orçamental e risco de revisão do OGE
Com a receita bruta em baixa, o impacto nas contas públicas é inevitável. Historicamente, as receitas fiscais petrolíferas correspondem a um terço das receitas brutas.
Nos dois primeiros meses do ano, o Estado arrecadou 1,5 biliões Kz (cerca de 1,7 mil milhões USD) em impostos do sector petrolífero. Porém, a quebra na receita de exportação poderá obrigar a cortes profundos no OGE.
Esta semana, a ministra das Finanças, Vera Daves de Sousa, admitiu que se o barril atingir os 45 USD, Angola poderá ser forçada a recorrer a novo financiamento junto do FMI. Estão em curso negociações com o Banco Mundial e o FMI para a criação de um mecanismo de seguro contra choques de mercado.
Produção também caiu
A produção nacional recuou 7% no primeiro trimestre. Angola produziu 94,4 milhões de barris, o equivalente a 1,049 milhões de barris/dia, contra os 1,125 milhões registados em igual período de 2024.
Isto significa que o País está a produzir menos 77 mil barris por dia, segundo dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG).
Sem influência sobre os preços internacionais, a única forma de Angola aumentar receitas continua a ser aumentar a produção interna — um desafio cada vez mais complexo devido ao declínio natural dos poços e à necessidade urgente de investimento em novos projectos.
Conclusão: Um alerta em tom vermelho
Com as exportações a cairem, preços em baixa e orçamentos pressionados, Angola entra em 2026 com vulnerabilidades macroeconómicas a agravarem-se.
A dependência do petróleo continua a expor o País a choques externos e reforça o apelo à diversificação económica, ao investimento no sector produtivo nacional e à modernização da política fiscal.
Expansão/CD