A situação da seca no sul do país continua a impor um “grave quadro” social às populações locais.
Apesar de várias acções do governo e de iniciativas privadas para acudir a situação, o quadro naquelas paragens do território nacional caminha “ do mal a pior”, alerta Pio Wakussanga, prelado católico, conhecido pelas causas sociais e defesa das comunidades.
“As coisas caminham do mal a pior, no sentido de que as reservas alimentares se esgotaram. Tirando um ou outro funcionário público, de resto, de facto está todo mundo parado, não há meios para enfrentar a fome e a seca que impactam por cá”, refere o religioso, a partir da Missão dos Gambos, na província da Huila.
Pio Wakussanga valoriza as iniciativas de apoio às populações, mas observa para a tamanha necessidade por que passam os povos que habitam no sul do país: “ A tragédia é tanta, o número de pessoas que precisam de alimentos diariamente é tanto, que o que chega, infelizmente não dá para muito. Pedimos que quem tenha algum poder, que possa doar alguma coisa”.
Conta ao Novo Jornal, que vários cidadãos têm acorrido aos hospitais apresentando cormobilidades associadas à fome, sendo que muitos casos destes acabam em mortes.
“ As pessoas ficam tantos dias sem alimentação, o organismo fica fraco e o resultado é a morte”, declara o prelado católico, insistindo no apelo para que seja decretado um estado de emergência circunscrito ao sul do país.
“ Pelo volume de pessoas que estão afectadas pela fome, pela urgência de se acudir aos vulneráveis àqueles que não conseguem por si mesmos encontrar alimento, eu continuo a defender o estado de emergência no sul do país, porque permitiria a entrada de agências internacionais, especializadas na gestão de crises provocadas pela mãe natureza.
Quando entrarmos em estado de emergência, cada ONG entra no seu campo de especialidade para minimizar os estragos feitos pela seca, “Sustenta.
O líder das ONG’s: Associação Construindo Comunidades (ACC) e Ame Naame Omunu (ANO), descreveu a fuga de angolanos para a vizinha república da Namíbia à procura de melhores condições de vida.
“ Não tenho em mãos o número de prófugos, daqueles que cruzam o caminho com a fronteira da Namíbia. Enquanto não houver iniciativas que atraiam as pessoas a investir e a trabalhar nas suas terras, não há hipótese (de elas deixarem de emigrar), infelizmente, realça o Padre Pio Wakussanga.
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