A Agência Nacional de Petróleo e Gáse Biocombustiveis (ANPG) entregou, após negociação directa, mais 3 blocos em terra na Bacia do Kwanza à Sonangol Pesquisa e Produção (P&P) e à Atlas Petroleum para a procura de petróleo na expectativa de até 2027 ter determinadas quantidades de crude e gás para ser colocadas em produção.
De acordo com os decretos presidenciais 42 e 43 de 13 de fevereiro, publicados em Diário da República, a Sonangol passa a operar os blocos KON 11 e 12 da bacia do Baixo Congo que estavam a engrossar a lista dos 13 blocos e áreas livres que a concessionária tinha disponíveis para negociação directa.
A Sonangol passa com estes dois blocos a estar presente em 34 concessões onde mais de metade, ou seja 18 blocos, estão na fase de exploração, que é a fase de procura por petróleo e onde os membros do grupo empreiteiro têm que fazer pelo menos um poço de exploração para determinar a quantidade e qualidade de petróleo e gás existente na concessão e se se trata, ou não, de uma descoberta comercial.
Findo este período de 5 anos, ainda na fase de exploração, caso não hajam descobertas a petrolífera pode solicitar a extensão da licença de exploração para fazer estudos e poços adicionais até ter a descoberta. Até iniciar a fase de produção no caso dos blocos KON11 e KON12 passa a ser de 20 anos.
Especialistas afirmam que a entrada da Sonangol em blocos em terra faz parte de uma estratégia da Sonangol de até 2027 aumentar para 10% a quota de produção em blocos operados. Já que actualmente a produção da petrolífera estatal nas três concessões que opera (bloco 3/05, 3/05A e 4/05) é de aproximadamente 2% da produção total em cada um dos últimos 5 anos. Esta estratégia visa transformar o papel da petrolífera que assenta essencialmente em operadora de campos maduros, que deixaram de ser lucrativos já que o declínio natural da produção nestes blocos localizados em águas rasas reduziu os volumes de produção.
O objectivo passa, segundo fontes da Sonangol, por a petrolífera fazer a curva de aprendizagem da exploração em blocos em terra onde o processo envolve tecnologia mais simples e muito mais barata, mas também é onde há menos volumes de produção por bloco. O objectivo é só depois assumir maiores responsabilidades em águas ultra profundas. O CEO da ACREP, Carlos Amaral, esclareceu que nos Estados Unidos da América os blocos em terra são responsáveis por mais de 2 milhões de barris de petróleo por dia.
Aliás, as grandes multinacionais que produzem 98% do petróleo em blocos operados no País têm o grosso da sua produção e maior interesse em blocos nas águas rasas (Bloco 0), profundas (15, 15/06 e 17) e ultra profundas (no bloco 32), onde há maiores volumes de produção, o que pressupõe que mais investimento representa maior lucro. Vários são os especialistas que manifestam o desagrado por estarem a ser extendidas as licenças de produção nos blocos que mais petróleo produzem no País para períodos que vão até 30 anos.
Porém, a resposta das autoridades é que a Sonangol ainda não está preparada para assumir estes desafios já que não tem nem dinheiro nem track record de fazer a operação de blocos em produção que produzam grandes volumes de petróleo. Como exemplo está o Bloco 0, o segundo principal bloco em volume de produção no País operado pelos americanos da Chevron e que viu a licença de produção alargada para até 2050 e a unificação das três áreas numa única concessão.
Farm out traz 860 milhões USD à Sonangol
Com fim das negociações directas que culminou com a atribuição à Sonangol de mais duas licenças, a petrolífera nacional passa a ser operadora de 8 blocos de petróleo e gás, entre os quais três estão na fase de produção enquanto os restantes cinco estão na fase de exploração. O desfecho do farm out da Sonangol (vendeu partes das suas participações em blocos petrolíferos) vai permitir à petrolífera estatal desbloquear as fases de exploração de pelo menos 2 blocos que estão emperradas por falta de fundos e de parceiros.
Expansão