A romancista francesa Annie Ernaux, de 82 anos, foi laureada com o Prémio Nobel da Literatura de 2022, “pela coragem e acuidade clínica com que descortina as raízes, estranhamentos e constrangimentos colectivos da memória pessoal”.
Ernaux é a 17ª mulher a receber o Nobel da Literatura. Reagindo à atribuição, a autora disse ao canal de televisão sueco SVT que considerava o prémio “uma grande honra” e “uma grande responsabilidade”.De acordo com a Associated Press, Ernaux foi apanhada de surpresa, tendo ficado a par da atribuição após atender uma chamada de um jornalista sueco. “Tem a certeza?”, questionou a escritora.
Autora de mais de 30 trabalhos literários, Ernaux nasceu em 1940. Cresceu numa pequena aldeia na região da Normandia, no Norte de França, onde os pais tinham um café e uma mercearia.
Na sua obra que tem como principal inspiração a sua própria vida, Ernaux “examina consistentemente e de diferentes ângulos, a vida marcada por fortes disparidades em relação ao género, língua e classe”. Escrever é para a autora um acto político, que serve para abrir os olhos dos leitores para a “desigualdade social”.
Questionado se a Academia Sueca pretendia enviar algum tipo de mensagem com a escolha de uma autora que aborda questões sociais nas suas obras, Olsson, a quem coube fazer a apresentação da laureada e responder às perguntas dos jornalistas, declarou que o Comité se concentra na “literatura e na qualidade literária”. “Não temos nenhuma mensagem para o mundo”, afirmou.
Annie Ernaux é apenas a 17.ª escritora a ser laureada com o Nobel da Literatura. A última mulher a receber o prémio foi a poetisa norte-americana Louise Glück, em 2020.
Nos últimos anos o Comité tem procurado incluir mais mulheres que raramente eram contempladas, atribuindo o Nobel da Literatura a uma mulher de dois em dois anos desde 2013, quando a canadiana Alice Munro foi galardoada.
Lusa