Num momento em que a inflação homóloga atinge o nível mais baixo dos últimos anos e já se posiciona abaixo da taxa directora, o Banco Nacional de Angola (BNA) prepara-se para anunciar, nos dias 15 e 16 de Setembro, uma das decisões mais aguardadas do calendário económico nacional.
A 125.ª Reunião Ordinária do Comité de Política Monetária (CPM) poderá redefinir os custos do crédito e o ritmo da recuperação económica, afectando directamente consumidores, investidores e, sobretudo, as Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPMEs).
Contexto monetário: inflação em queda aumenta pressão por juros mais baixos
De acordo com dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE), a inflação homóloga de Agosto recuou para 18,9%, face aos 19,5% registados em Julho, mesmo após o aumento do preço do gasóleo ocorrido em Julho. A taxa de inflação, agora inferior à taxa directora de 19,5%, coloca o BNA diante de uma oportunidade técnica para avaliar um eventual corte nos juros, uma vez que o diferencial já é desfavorável ao investimento e ao consumo.
Sete meses de estabilidade e cortes estratégicos nas reservas
Na última reunião, o BNA optou por manter — pela sétima vez consecutiva — as principais taxas de juro:
- Taxa BNA (directora): 19,5%
- Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez: 20,5%
- Facilidade Permanente de Absorção de Liquidez: 17,5%
Contudo, o banco central reduziu o coeficiente de reservas obrigatórias em moeda nacional de 19% para 18%, o que permitiu uma ligeira flexibilização da política monetária. Esta decisão implica que os bancos comerciais têm agora maior margem para transformar depósitos em crédito ou investir em activos como dívida pública, libertando recursos anteriormente imobilizados.
Três cortes em 2025 e expectativas do mercado
Desde Janeiro deste ano, o BNA já reduziu 3 pontos percentuais no coeficiente de reservas obrigatórias, revelando uma postura cautelosamente expansionista. Analistas e agentes de mercado esperam agora que a instituição avance com uma nova redução da taxa directora ou, pelo menos, reforce medidas de estímulo à liquidez no sistema bancário.
Impacto esperado: crédito mais barato e estímulo ao crescimento
Uma eventual redução da taxa BNA poderá resultar numa queda das taxas de juro aplicadas pelos bancos comerciais aos seus clientes. Para as famílias, isso poderá significar crédito ao consumo mais acessível, especialmente num contexto de poder de compra ainda pressionado. Para as empresas, sobretudo as MPMEs, a medida representa um alívio no custo do financiamento, incentivando novos investimentos, expansão de operações e criação de empregos.
Transparência e comunicação com o mercado
O BNA anunciou que, como habitual, realizará uma conferência de imprensa no dia 16 de Setembro, com transmissão em directo pelo seu canal oficial no YouTube, a partir das 15 horas. Esta prática reforça o compromisso da instituição com a transparência e a previsibilidade das decisões de política monetária.
A conjuntura macroeconómica e a desaceleração da inflação criam um ambiente propício para ajustes na política monetária que poderão beneficiar directamente os agentes económicos. As decisões do BNA, a serem anunciadas esta semana, terão reflexos imediatos nos mercados de crédito, nos investimentos empresariais e na confiança do consumidor — sendo, por isso, acompanhadas com grande expectativa pelo sector produtivo nacional.
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