Angola tem perto de 43% de pessoas que vivem com VIH sem saberem do seu diagnóstico, revelou esta quinta-feira, no município do Soyo, província do Zaire, o secretário de Estado para a Saúde Pública.
Carlos Alberto Pinto de Sousa afirmou que o país vive uma fase em que há uma larga percentagem de pessoas a abandonar o tratamento.
O secretário de Estado esclareceu que essas situações estão directamente ligadas a factores sociais como a baixa compreensão, estigma e discriminação, pobreza, questões de género e o charlatanismo, que prometem curas falsas, além de outras relacionadas à qualidade da assistência.
Esse quadro deve ser invertido, tendo em conta que Angola comprometeu-se no Encontro de Alto Nível, que adoptou a Declaração Política, em 2021, a reduzir as novas infecções nos adolescentes, reduzir o estigma e a discriminação, mitigar o impacto do VIH/Sida nas populações-chave, melhorar a comunicação, envolvimento dos sectores sociais-chave e melhorar a coordenação da Resposta Nacional do VIH/Sida com todos os parceiros.
Com vista a alcançar a todas as pessoas para o diagnóstico e reduzir as perdas de seguimento, Carlos Alberto Pinto de Sousa avançou serem necessárias intervenções comunitárias e apoio social, além da organização e melhoria da qualidade dos serviços.
O secretário de Estado também fez referência da campanha “Nascer livre para brilhar”, uma iniciativa da Primeira-Dama da República, Ana Dias Loureço, que permitiu reduzir a taxa de transmissão do VIH de mãe para filho, de 26%, em 2018, para 15%, em 2021.
Apesar dos problemas que enfrenta na luta contra a epidemia, referiu que Angola é um dos países com as taxas mais baixas de prevalência do VIH a nível da África subsariana.
Segundo o Inquérito de Indicadores Múltiplos e de Saúde (IIMS), 2015-2016, o país tem 2% de prevalência na média nacional e grandes assimetrias regionais, sendo as províncias de fronteira as que apresentam as maiores taxas.
O secretário de Esatdo avançou que entre as estratégias para o alcance das metas globais destacam-se a implantação em todo o país da estratégia “Testar e Tratar”, a expansão da oferta de Carga Viral (CV) e o Diagnóstico Precoce Infantil (DIP).
Fez ainda menção à adopção de esquemas terapêuticos mais eficazes, baseados em Dolutegravir e a adopção da estratégia de Caso Índice, para o diagnóstico do VIH, entre outros.
Carlos Alberto Pinto de Sousa fez saber que a logística de medicamentos antiretrovirais melhorou consideravelmente, após a simplificação de esquemas terapêuticos para adolescentes e adultos, a partir de Fevereiro de 2021, facto que contribuiu igualmente para a melhoria da qualidade de vida e aceitação dos utentes ao tratamento, que têm posologia confortável e drástica diminuição de efeitos colaterais.
“No quadriénio 2018-2021 até terceiro trimestre de 2022, observou-se melhoria nos serviços de diagnóstico, desenvolveu-se um conjunto de acções de âmbito preventivo e curativo e esforços foram redobrados na implementação das actividades tendentes a prevenir a transmissão vertical (de mãe para filho) do VIH”, disse.
O acto foi antecedido de uma marcha de solidariedade para com as vítimas desta pandemia, num percurso de aproximadamente três quilómetros.
JA