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Abate” de créditos na banca trava malparado para 14,4% em 2022

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Quando as perspetivas de recuperação de crédito são nulas, as instituições financeiras aplicam estratégias de write off, ou seja, um processo de limpeza do crédito malparado que consiste em declarar os créditos como não recuperáveis, retirando-os dos balanços. Deve seguir-se a via judicial.

O crédito malparado na banca nacional baixou de 20,3% em Dezembro de 2021 para 14,4% no final do ano passado, o valor mais baixo em quase seis anos, de acordo com os Indicadores de Solidez Financeira do Sector Bancário do Banco Nacional de Angola (BNA). Fontes da banca garantem que esta queda se deve a limpezas de malparado nos balanços dos bancos, sobretudo no BPC. Mas BAI e BIC também avançaram com write offs.

Em termos práticos, um write off significa um abate contabilístico a crédito incobrável que ainda estava nos seus activos. No caso do BAI, o relatório e contas de 2022 admite esse abate de 145,6 mil milhões Kz: “Durante o exercício findo em 31 de Dezembro de 2022, o banco procedeu ao abate de crédito da sua carteira no montante de 145.599.912 Kz respeitantes a projectos no sector da promoção imobiliária, originadas em 2008 e 2013, que após esgotadas as acções de recuperação, conforme apresentado na rubrica crédito interno a empresas. Estes créditos apresentavam imparidade de 100%”.

Em relação ao BIC, enquanto ainda não foi publicado o balanço anual, o relatório e contas do I semestre de 2022 é explícito e avança que o banco procedeu a write offs the cerca de 33 milhões Kz.

Já no caso do BPC, o valor será substancial. Apesar de o Expansão ter solicitado esclarecimentos ao BPC não obteve resposta até ao fecho de edição, mas foi possível apurar que o abate de crédito daquele que é o maior banco público ocorreu no IV trimestre de 2022, precisamente quando se dá uma grande quebra no malparado global da banca.

“Basicamente o crédito malparado global não teve queda nenhuma. Foi um write off que o BPC fez de um montante de crédito que já era incobrável. Era crédito que nem era malparado, já não existia”, admite uma fonte da banca. E acrescenta: “Portanto, neste caso é muito favorável para o malparado da banca, que melhora artificialmente, mas o valor do crédito total piora artificialmente”, admitiu uma fonte de um banco.

E foi isso que aconteceu. Em Dezembro de 2022, o total do crédito bruto da banca, segundo as Estatísticas Monetárias e Financeiras do Banco Nacional de Angola (BNA), caiu 9% face a Novembro, ao passar de quase 6,6 biliões Kz para um pouco menos de 6,0 biliões, invertendo um ciclo de crescimento do crédito bruto na banca iniciado desde o início do ano.

Assim, em apenas um mês o total do crédito bruto encoleu 601,7 mil milhões Kz. Já em relação ao final de 2021, o crédito bruto caiu quase 76 mil milhões Kz. Contas feitas, como o crédito malparado no final de 2021 era de 20,3%, e no final do ano passado era de 14,4%, significa que o crédito vencido na banca caiu de 2.207 milhões USD para cerca de 1.700 milhões USD, cerca de 500 milhões USD a menos.

A alta inflação e a situação económica do país, onde o maior empregador continua a ser o sector informal, continuam a ser um entrave ao cumprimento das obrigações com os bancos, de acordo com especialistas. E não esquecer aquilo que dentro da banca é considerado o “crédito marimbondo”.

O crédito malparado em Angola atingiu o seu pico em Junho de 2019, quando equivalia a 35,5% do crédito bruto bancário. Entre ligeiras subidas e descidas desde esse pico, só em Junho de 2020 é que desceu a pique, passando dos 34,5% registados em Maio para 22,3%.

Foi a limpeza do balanço do BPC, que cedeu à Recredit pela segunda vez uma carteira de crédito de cobrança duvidosa, em Junho de 2020, no valor de 950 mil milhões Kz, com o “banco mau” a pagar apenas 57 mil milhões Kz, que provocou uma queda vertiginosa no total do malparado da banca naquele período.

Em Maio de 2020, segundo dados do BNA, o crédito bruto da banca era de quase mais de 6,1 biliões Kz. Como 34,5% desse valor era malparado, significa que 2,1 biliões Kz eram créditos de cobrança duvidosa, o que à taxa de câmbio da altura representava 3.657 milhões USD. Assim, contas feitas, desde essa altura o malparado na banca caiu quase 2.000 milhões USD.

Expansão

Editor
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