A Alrosa, gigante russa dos diamantes, atingida por sanções, quer sair de Angola e está em conversações com a sua homóloga angolana, a Endiama.
Segundo apurado, prejudicada pelas sanções dos EUA às importações de diamantes russos desde março de 2022, a Alrosa quer vender as suas ações na Sociedade Mineira de Catoca (SMC), uma das maiores minas de diamantes do mundo. A SMC, liderada por Benedito Manuel e em actividade desde 1997, produz cerca de 8 milhões de quilates por ano, o que representa 75% da produção angolana.
A Alrosa, liderada desde Maio por Pavel Marinychev, detém uma participação de 41% na SMC, criada em 1994 para explorar a jazida de Catoca, na província da Lunda Sul. A empresa estatal angolana Endiama também detém uma participação de 41%, sendo os restantes 18% pertencentes à Leviev International – LLI (China). Contactada pela Africa Intelligence, uma fonte próxima da Endiama confirmou que as duas partes estão em processo de negociação da saída da Alrosa.
De momento, não chegaram a acordo, nem há informações sobre os novos acionistas.
Queda na procura de diamantes angolanos
Existem dois motivadores potenciais por trás da decisão de Alrosa de sair. A queda na procura internacional teve um forte impacto no sector diamantífero angolano devido à sua fraca rastreabilidade. O administrador-geral da Endiama, José Manuel Augusto Ganga Júnior, revelou em Agosto que a queda do preço dos diamantes, até 49%, levou algumas entidades do grupo a retirarem a sua produção do mercado.
Eles querem esperar até que os preços subam novamente. Até a mina de Catoca foi afectada.
As sanções dos EUA afetaram a Alrosa, algo que os seus diretores têm dificuldade em admitir, e em grande parte explicam o pensamento do grupo.
Só os EUA representam metade da procura global, ou seja, 90 mil milhões de dólares. Além disso, a empresa russa não pode realizar transações em dólares e ainda não encontrou uma solução para transferir 185 milhões de dólares em dividendos.
A Alrosa é o maior parceiro diamantífero de Angola desde a década de 1990. É um dos maiores intervenientes a nível mundial, com 27% da produção mundial e 95% da produção russa.