A última avaliação global dos passaportes coloca Singapura no topo quanto ao acesso sem visto a mais países — enquanto Angola figura entre as nações com menor poder de mobilidade internacional, evidenciando desafios para empresários, estudantes e diplomacia.
Num cenário mundial onde a liberdade de circulação se torna cada vez mais um indicador de poder e prestígio, o passaporte de Singapura foi confirmado como o mais poderoso de 2025, com acesso sem necessidade de visto ou com visto à chegada a cerca de 193 destinos, segundo o índice Henley.
Enquanto isso, Angola permanece entre os países com passaportes de mobilidade mais limitada. De acordo com fontes públicas, cidadãos angolanos possuem acesso sem visto ou com visto à chegada a cerca de 47 países, ocupando a 91.ª posição global nesse ranking.
Mobilidade: um activo estratégico com desigualdades gritantes
Para muitos países asiáticos e europeus, ter um passaporte “forte” significa menos barreiras para negócios, estudo, turismo e diplomacia. Já para angolanos, cada viagem internacional exige planeamento extra: vistos, custo elevado e atrasos judiciais são obstáculos quotidianos.
Essa limitação afecta directamente empresários, académicos e jovens profissionais que buscam mercados externos, intercâmbios ou parcerias. A dificuldade de mobilidade compromete competitividade, reduz oportunidades de networking global e torna mais caro o custo de fazer negócios além-fronteiras.
Em 2024, a Singapura dividiu o topo do ranking com Japão, Alemanha, Itália, Espanha e França.
O último ranking mostra que Japão e Coreia do Sul empataram em segundo lugar, com os outros ex-candidatos ao primeiro lugar empatados em terceiro lugar com Dinamarca, Finlândia e Irlanda.
O Henley Passport Index é um ranking de passaportes globais amplamente seguido, que avalia a força dos passaportes por uma métrica — o número de destinos que os titulares podem visitar sem a necessidade de obter um visto prévio. O índice classifica os países de acordo com dados fornecidos pela Associação Internacional de Transporte Aéreo (AIA).
O ranking se concentra principalmente na facilidade de viajar, enquanto outro ranking monitorado de perto pela CNBC Travel , o Nomad Passport Index , classifica os passaportes por cinco critérios, incluindo tributação, e é mais focado na cidadania global.
O último ranking da Henley mostra que o passaporte dos EUA caiu do 9º para o 10º lugar. O passaporte do Reino Unido também caiu na lista, caindo do quinto para o sexto lugar.
Análise Editorial
A disparidade entre passaportes poderosos e fracos não é apenas simbólica: é expressão concreta da desigualdade de oportunidades. Angola, apesar de suas potencialidades económicas, continua penalizada por barreiras diplomáticas e conexões internacionais limitadas.
Se o país pretende impulsionar o setor exportador, atrair investimento estrangeiro e valorizar a mobilidade dos seus talentos, é imperativo fortalecer a diplomacia, negociar acordos de isenção de vistos bilaterais e investir na reputação internacional.
Não basta crescer por dentro — para Angola prosperar no século XXI, é preciso que o passaporte angolano deixe de ser entrave e passe a abrir portas, não fechá-las.