Angola está no último lugar das condições estruturais para promoção do empreendedorismo entre 43 economias que constam no relatório do Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2020/2021.
A GEM analisa as condicionantes do contexto, sejam de ordem social, política ou económica, que definem o percurso da actividade empreendedora e dos empreendedores.
De acordo com o relatório, 37 especialistas angolanos atribuíram, à semelhança do que acontece nos outros 42 países, uma classificação de 0 (totalmente insuficiente) a 10 (totalmente suficiente) às Condições Estruturais do Empreendedorismo (CEE) no país.
Nesta análise constam a atribuição de classificação a parâmetros como;
-
- O acesso a financiamento, as políticas governamentais, educação e formação, transferência de investigação e desenvolvimento,
- A abertura do mercado, infraestruturas, normas sociais e culturais,
- A reactividade e reinvenção do empreendedorismo e o impacto da Covid-19 nas políticas governamentais.
Na classificação final, Angola está na última posição dos 43 países, com uma classificação de 3,3 em 10 possíveis o que, segundo o relatório, “valoriza o esforço do empreendedor angolano“, que é o mais empreendedor do estudo, mas que o faz num ambiente de negócios tão adverso.
LER MAIS – Angolano de 24 anos cria App para reservas em restaurantes
Os dados de 2020 mostram que as condições mais favoráveis ao empreendedorismo em Angola são a reactividade e reinvenção do empreendedorismo, as normas sociais e culturais, e a abertura do mercado.
Condições questionáveis para a promoção do empreendedorismo
Como condições intermédias, que não condicionam tão marcadamente o empreendedorismo, nem positivamente, nem negativamente, aparecem a infraestrutura comercial e de serviços, o impacto da Covid-19 nas políticas governamentais, o financiamento, as infraestruturas físicas, e as políticas governamentais.
Já as condições menos favoráveis ao empreendedorismo são a transferência de I&D, a educação e formação, e as políticas governamentais.
Aliás, em relação à transferência de investigação e desenvolvimento (I&D) tem havido um retrocesso face a 2014, um sinal claro de que o acesso a I&D, produzida nomeadamente nas universidades e nos institutos de investigação, não tem sido um importante factor para o desenvolvimento de novos negócios e de negócios já existentes, ao contrário do que acontece lá fora.
LER MAIS – 9 mulheres empresárias angolanas que marcam presença no país
Já a segunda condição cuja classificação mais decresceu foi a relacionada com programas governamentais. Da apreciação dos especialistas conclui-se que faz falta uma agência única que ajude as empresas a acederem a informação sobre apoios governamentais (a pontuação neste indicador é 2,9), embora se notem melhorias no indicador que avalia se o acesso a programas governamentais é facilitado independentemente do perfil socioeconómico da pessoa que procura informações.
LER MAIS – Conheça AGORA as jovens mulheres na vanguarda do boom tecnológico da África Ocidental
Desta forma, o estudo conclui que, actualmente, “a actividade empreendedora em Angola depende largamente do impulso individual dos empreendedores, assente maioritariamente em intenções individuais e atitudes próprias da cultura angolana, e não tanto no (pouco) apoio estatal que lhe é dado. É ainda importante registar, com base nos dados analisados na primeira parte desta secção, que este aspecto tem vindo a acentuar-se desde 2014”.
Expansão