Angola gasta anualmente cerca de 428 milhões de dólares na compra de trigo, afirmou recentemente, em Malanje, a representante do Fundo das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), Guertha Barreto.
Ao abordar a visão da FAO para impulsionar a mandioca como alimento do século XXI, no primeiro Congresso Internacional da Mandioca, afirmou que o valor gasto poderia ter sido aplicado na produção e industrialização local do produto, cujos derivados, como a farinha, podem substituir o trigo.
O trigo é usado essencialmente para o fabrico de pão e outros alimentos de pastelaria, que podem também advir da transformação da mandioca, caso se aposte na industrialização do tubérculo.
Precisou que a implementação da lei da merenda escolar em Angola constitui uma grande oportunidade, para incorporação da mandioca na alimentação dos alunos, bem como a sua industrialização.
Fez saber que, além de ser alimento humano, a mandioca serve ainda para o fabrico de ração animal e como matéria-prima para uma ampla gama de produtos de valor agregado a farinha, assim como madeira prensada, papel e têxteis, produção de adoçantes, frutose, álcool, gel de amido de alta tecnologia e outros subprodutos.
“A mandioca é uma cultura verdadeiramente polivalente, que ajuda os países a responder aos desafios do combate à fome e erradicação da pobreza, assim como de promoção da diversificação económica”, frisou.
Gherda Barreto reconheceu o trabalho que o Executivo angolano desenvolve para a criação de incentivos ao sector agro-industrial, como a promoção de parcerias público-privadas, medidas de alívio económico resultantes da Covid-19, facilitação de mecanismos financeiros para as famílias camponesas e pequenas empresas, entre outros.
O evento, com duração de dois dias, decorre sob o lema “alavancar a diversificação da economia, com base na cadeia de valor da mandioca” .
Estão em debate temas como promoção e aceleração do desenvolvimento industrial sustentável e inclusivo, estratégia da União Africana na dinamização do desenvolvimento da agricultura e avanços científicos no desenvolvimento das ciências agrárias em Angola.
Participam no evento empresários, representantes de cooperativas agrícolas, membros do Governo e especialistas de vários países do mundo nas áreas da agricultura e turismo.
Promovido pelo Ministério da Indústria e Comércio e Governo de Malanje, o congresso visa buscar vias para industrialização e mundialização da mandioca nacional.
Angola produz actualmente cerca de onze milhões de toneladas de mandioca anualmente, sendo as províncias do Uíge e Malanje as maiores produtoras do país.
Angop