Apesar dos anúncios,”não houve alívio da dívida” nem acesso a financiamentos beneficiados, diz o secretário geral da ONU.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apelou ao alívio da dívida dos países africanos em desenvolvimento, uma vez que a maioria sofre em várias frentes com a sucessão de crises que ajudou a formar a “tempestade perfeita”.
“Não houve alívio da dívida, (…) não houve acesso a financiamentos beneficiados, quer com subsídios, quer com taxas de juro mais baixas”, afirmou Guterres antes das reuniões de líderes, na 77ª Assembleia Geral em Nova Iorque.
O Fundo Monetário Internacional tem vindo a “desenhar” e a fechar acordos de empréstimo com algumas das nações mais vulneráveis, entre as quais o Paquistão, Sri Lanka, Chile e, no caso de África, Zâmbia e Egipto. Além dos empréstimos, o FMI tem estado a intermediar negociações de reestruturação da dívida com credores privados.
No caso da Zâmbia, as negociações para reestruturação de 8,4 mil milhões USD entre 2022 e 2025, pode envolver um alívio da dívida entre os 35% e os 45%, segundo a empresa de serviços financeiros Morgan Stanley, que aponta a possibilidade de conversão de três eurobonds numa “super-obrigação”, com vencimento em 2029.
Entretanto, a China anunciou que vai perdoar as responsabilidades de 17 nações africanas e que irá redireccionar as suas próprias reservas do FMI para ajuda do continente, mas os contornos desse alívio da dívida permanecem em segredo.
O Centro de Política de Desenvolvimento Global da Universidade de Boston estima entre 45 e 610 milhões USD o alívio concedido pela China, o que representa 1% do que o continente deve a Pequim, segundo a Bloomberg.
Desde 2000 a China anunciou várias rondas de perdão da dívida de empréstimos sem juros a países africanos, cancelando pelo menos 3,4 mil milhões USD de dívida até 2019, de acordo com outro estudo publicado pela John Hopkins University School of Advanced International Studies.
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