Mais de um mês depois da subida do preço da gasolina apenas 1.380 cartões de subvenção à gasolina foram distribuídos aos taxistas e moto taxistas a nível de Luanda. Ou seja, dos 10.907 cartões entregues aos nove municípios de Luanda, só 13% é que chegaram aos destinatários e 87% (9.527) estão por distribuir.

O município sede (Luanda) foi o que distribuiu maior número de cartões, 427, seguido do município do Cazenga com 307, sendo que o Kilamba Kiaxi com 166 cartões distribuídos é o terceiro município onde os taxistas mais beneficiaram dos cartões de subvenção à gasolina. Os municípios de Viana com 10 e Quiçama com 12 são os que menos cartões distribuíram aos seus taxistas, com base ao Mapa Estatístico do Gabinete Provincial de Transportes, Tráfego e Mobilidade Urbana.

Os números ainda são muito baixos, referiu Francisco Paciência, presidente da Associação dos Taxistas de Angola (ANATA), afirmando que o processo está andar muito devagarinho, o que incomoda os taxistas. “Estamos muito insatisfeitos pela forma como está decorrer o processo da emissão e atribuição dos cartões”, confirmou.

Afirmou que esta demora na entrega cria muitos constrangimentos e sentimento de frustração e incertezas por parte de quem está licenciado e anda a espera do respectivo cartão, porque continua a pagar a gasolina ao preço actual, e depois o reembolso demora muito.

Segundo Francisco Paciência o problema já passou da gasolina para a desvalorização do Kwanza. “Se por um lado o governo tentou proteger-nos mantendo a subvenção do gasóleo e o preço da gasolina por via de um cartão, não suprime as dificuldades do próprio taxista porque os preços estão a aumentar, não só da cesta básica mas também do material de manutenção”, realçou.

O responsável não descarta a possibilidade de uma subida do preço do táxi, uma vez que os taxistas agora debatem-se com dois problemas, os constrangimentos da distribuição dos cartões e a desvalorização da própria moeda. “Está ser estudada essa possibilidade, sendo que estamos a trabalhar numa proposta percentual que poderemos apresentar ao governo a curto prazo para uma possível subida do preço do táxi”, terminou.

Cartões nunca chegaram aos pescadores

Relativamente às embarcações que usam motores a gasolina, até ao momento nenhuma recebeu cartão de subvenção. O mapa do GPTTMU indica que há 556 cartões entregues as administrações municipais em Luanda, mas estes ainda não foram distribuídas aos pescadores. Este facto está a fazer que parte dos profissionais da pesca artesanal e industrial em Luanda paralisem os seus serviços.

Segundo apurou o Expansão, a partir do dia 20 de Junho, boa parte dos pescadores dos municípios de Cacuaco e Luanda (Ilha de Luanda e Mabunda) começaram a paralisar os serviços porque, segundo dizem, fica difícil adquirir a gasolina ao preço de 300 Kz o litro devido à fraca capacidade financeira que possuem.

Para se ter uma ideia, antes da subida do preço da gasolina os pescadores gastavam 480 mil Kz pelas três viagens que faziam por mês. Agora, com a subida do preço da gasolina os custos duplicaram para 960 mil Kz.

Se acrescentarmos outros custos como alimentação dos operadores, gelo, subsídio da viagem (abono), chegam a gastar quase 1 milhão e meio por mês. “Há vezes que o valor do produto que trazemos não cobre estes gastos e caímos sempre em altos prejuízos. Quando é assim é melhor parar”, lamentou Felino Lucas, profissional da pesca há 17 anos.

Na praia da Mabumda, por exemplo, poucos barcos têm a capacidade de se fazer ao mar. Numa visita feita pelo Expansão no local na manhã desta terça-feira (dia 4) notou-se pouco movimento de embarcações e as poucos que saíram foram apenas os que tinham condições para adquirir a quantidade de combustível necessária.

Expansão