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Assinala-se hoje o Dia Mundial da Família

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Assinala-se hoje o Dia Internacional da Família, instituído, em 1993, pela Assembleia Geral das Nações Unidas. A psicóloga e médica de família Cipriana Furtado Calengue apresenta sugestões para a celebração da data, enumera alguns pilares para a valorização dos membros da família, descreve as formas de terapia que aplica e fala das balizas para a felicidade de todos

Que significado atribui ao Dia da Família?

A família é o núcleo fundamental de cada sociedade, logo é de extrema importância, porque é no seio familiar  que nascemos, crescemos e nos desenvolvemos.

A família é o berço do amor, de união, respeito, perdão, cumplicidade, cedência, paz, e até de lugar de conflito, infelizmente. A família deve cumprir com os seus direitos e responsabilidades. Ela é o casaco do coração, nela se forja o coração do ser humano.

Portanto, o Dia Internacional da Família oferece uma oportunidade para promover a conscientização sobre questões relativas às famílias e para aumentar o conhecimento dos processos sociais, económicos e demográficos que afectam as famílias.

 Que conselho dá aos casais para comemorarem o Dia da Família?

Esta data deve ser comemorada em família, com toda a energia e vivacidade, organizando actividades em conjunto: jogando, cuidando  do jardim, da casa, fazendo uma comida gostosa, pois, é na família que as relações sociais se estabelecem. É na família que desde os tempos remotos se fornecem  as condições para a formação do ser humano.

Eu aconselho que a família festeje e viva em paz, em harmonia, respeito, cumplicidade, que não seja poluída pelos venenos do egoísmo, do individualismo, da cultura do eu, da indiferença e do descarte, perdendo assim o seu “DNA”, que é o acolhimento e o espírito de serviço. Que reine o amor entre os seus membros, porque a família é o primeiro lugar onde se aprende a amar.

Os chefes de família devem defender a família com toda a garra para os seus membros se sentirem em segurança. A família é o ninho do amor, deve acolher os seus membros na paz, por meio de laços fraternais sinceros.

Tal como disse o Papa Francisco: Não existe família perfeita, não temos pais perfeitos, nem somos perfeitos, não nos casamos com a pessoa perfeita, nem temos filhos perfeitos. Temos queixas uns dos outros. Por isso, não há casamentos nem família saudável sem o exercício do perdão!

 Como é que as pessoas devem valorizar as suas famílias, quer do ponto de vista material como espiritual?

O apoio e a valorização no seio familiar deve ser um apoio sem medidas, um apoio de tamanha discussão, onde as necessidades de cada membro da família passem a ser de todos, quer a nível material,  emocional e espiritual.

Desde a tenra idade, as famílias devem apoiar os filhos do ponto de vista material, com a compra de material escolar, roupa, calçado, etc, ajudar na compra de uma casa para os recém-casados, entre outros apoios.

Em termos emocionais, um abraço pode suprir necessidades emocionais, o acolhimento e a escuta activa deve fazer parte da vida dos nossos familiares. Devemos lutar para o desenvolvimento espiritual dos membros da nossa família. Os pais têm o dever de prestar o sustento, a guarda e a educação dos filhos menores.

 Qual é o papel da médica da família e com que regularidade intervém?

A médica de  família é uma profissional que intervém sempre que necessário for. Nas situações de desajustamento conjugal, insatisfação conjugal, descompensação de algum dos membros da família, em caso de ansiedade, depressão, crises de pânico, na orientação parental, em casos de relações disruptivas, de influência de familiares na relação, etc.

Um dos temas que tem defendido é o “empoderamento masculino”. O que pretende despertar com esse tema e como tem sido recebida a mensagem diante dos homens?

O empoderamento masculino é um tema actual e pertinente. Muito se fala de e para a mulher, essa mulher avançou, enquanto os homens estão com dificuldades de seguir a pedalada da mulher.  Os homens têm solicitado ajuda para o seu empoderamento. Se a mulher estiver empoderada e o homem empoderado, logo, teremos famílias empoderadas e uma sociedade empoderada, equilibrada e feliz.

Durante a palestra sobre o empoderamento masculino, temos passado por séries de conhecimento com vista ao desenvolvimento de hábitos e, logo, o desenvolvimento de habilidades comportamentais, que hoje se exige.

Um estudo realizado pela Universidade de Harvard revelou que 85% do sucesso profissional é resultado de competências comportamentais bem desenvolvidas, e apenas 15 % são oriundos de habilidades e conhecimentos  técnicos.

Fazer parte de uma confissão religiosa, meditar ou atingir um estado “Zen”, é uma das bases das suas intervenções terapêuticas?

O meu trabalho cinge-se sobre aquilo que designo por trino: corpo, alma  e espírito. Parto do princípio de que se um dos itens que constituem o tripé estiver desequilibrado todo o resto não se mantém de pé. Por exemplo, se não praticarmos exercícios físicos podemos comprometer a saúde mental. Se não tivermos em conta que devemos gerir as emoções (negativas) podemos criar danos físicos e vice-versa.

Devemos meditar para que o nosso espiritual esteja sadio. Temos usado muitas técnicas de respiração para o alívio rápido de sensibilidade por exemplo. Trabalho com música terapêutica, massagens, banhos, escuta activa, abraço de cinco minutos e meditação.

O que deve fazer uma mulher (Mãe)  para alcançar o equilíbrio pessoal como ferramenta necessária para cumprir com o papel de Mãe?

A mulher mãe deve a todo custo tentar equilibrar-se, primeiro emocionalmente, aquilo que chamo de “blindagem emocional”, para poder dar respostas a todas às situações  sociais, como marido, filhos, vida laboral, igreja, etc.

Aconselho os casais a terem amigos verdadeiros, embora seja difícil actualmente. Aconselho a sorrirem mais para relaxar, ter independência financeira, praticar exercícios físicos, beber água suficiente. A ter cuidado com a alimentação, cuidar das emoções, gestão do stress, do tempo e gestão financeira,  porque a  mulher deve se superar a todo o instante.

Qual é o segredo, com base nas suas experiências, para que as famílias sejam totalmente felizes?

“Totalmente felizes” não diria, porque a felicidade é um estado de espírito que cada membro da família deve procurar atingir para si e depois trazer para todos. Os conflitos existem dentro das famílias como, é óbvio, mas a família deve ser um lugar de perdão, de cumplicidade, de cedência, de empoderamento. Para a felicidade das famílias, o diálogo deve estar no centro da mesa.

Questões como a fome,  pobreza, poligamia, fuga à paternidade, a falta de condições habitacionais condignas têm roubado a paz nas famílias. Há um velho ditado que diz: numa casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão. Voltemos a ser a família de outrora, que se sentava à beira da fogueira para tratar as questões que as preocupavam e, que não fosse, passava-se testemunhos com contos e fábulas.

A família é a célula fundamental da sociedade, ou seja, a sociedade é composta por pequenos núcleos a que chamamos família, e que é formada pelos seus membros. A família deve ser um lugar de amor, de acolhimento, de educação, de respeito e de limites.

JA

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