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Associação Industrial de Angola (AIA) admite “grande instabilidade económica”

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O Presidente da Associação Industrial de Angola (AIA) admitiu que a depreciação do kwanza pode causar “grande instabilidade” na economia do país, ainda dependente de importações, criticando a liberalização das taxas de câmbio.

“Para quem importa é evidente que também não se sente muito confortável com esta instabilidade no mercado, mas vamos ver se o Governo consegue ter perceção de que isto teria uma grande instabilidade em Angola e é preciso que haja algum tipo de intervenção”, afirmou José Severino, em declarações à Lusa.

Angola, “ultimamente tem procurado seguir uma linha liberal, mas já vimos que a linha liberal não se ajusta muito à nossa realidade objetiva”, salientou o presidente da AIA.

O líder dos industriais de Angola considera que a desvalorização do kwanza, que se regista depois das eleições angolanas de agosto passado, “tem um grande impacto” na economia do país dependente do petróleo.

“Num mercado internacional que é turbulento, nervoso e que as tantas para a economia, como nós sentimos na Europa em que realmente países em vias de desenvolvimento como o nosso ficam muito sujeitos ao mercado internacional”, apontou.

“É evidente que enquanto tivermos a perceção que um dólar barato facilitaria as importações isto de certo modo combate a taxa de inflação aqui no país, combate os custos elevados que nós tínhamos dos bens importados aqui no país que ainda vive muito de importação”, sublinhou.

Consultora Fitch Solutions prevê que o kwanza vai cair para 470 kwanzas por dólar até final de 2022, um percurso que contraria a sua apreciação face ao dólar.

“Antevemos que o kwanza se vá depreciar marginalmente no resto do ano para 470 kwanzas por dólar, depois de ter valorizado em 2021 e até ao segundo trimestre de 2022”, escreveram os analistas da consultora.

Segundo o semanário económico angolano “Expansão”, a moeda angolana está em depreciação desde as eleições gerais angolanas de agosto passado pelo facto do Governo ter “forçado a apreciação do kwanza para baixar os preços dos alimentos antes das eleições”.

“Com as medidas do executivo aplicadas antes das eleições de forma a conseguir também a redução do rácio da dívida pública sobre o Produto Interno Bruto (PIB) a deixarem de fazer efeito, o kwanza está agora em queda e a ajustar-se à taxa de câmbio real”, refere a publicação angolana.

José Severino refere também que em consequência da desvalorização do kwanza, novos produtos vão ressurgindo no mercado angolano, sobretudo com a fraca produção interna de bens.

Mas, para a produção nacional  “é de facto um grande desafio, porque realmente competimos hoje com o mercado internacional, mesmo com as taxas de inflação que imperam nos mercados exportadores para Angola”.

“Nós cada vez somos menos competitivos e naturalmente para quem vive em Angola isto é uma grade preocupação”, assinalou.

O também economista disse estar convencido, no entanto, que o curso da moeda angolana deve conhecer um percurso ascendente, sobretudo com a “estabilização” dos mercados externos “uma vez que até o preço do petróleo se tem mantido”.

Uma vez que os Estados Unidos da América “libertaram muito das suas reservas [petrolíferas] contrariando aquilo que seria o eixo Arábia Saudita-Rússia e com a aliança do Irão e tem se estabilizado”.

“Portanto, as taxas de inflação no mercado externo têm tendência a baixar a partir do ano que vem e creio que a partir desta altura nós também podemos ter alguma estabilidade”, indicou, admitindo: “nós dançamos a música que os outros tocam”.

“É preciso uma gestão muito inteligente, muito eficaz, não ferindo muito aquilo que são os cânones internacionais em que nós tentamos nos inserir, mas é preciso olhar a economia com mais objetividade no sentido de que Angola possa continuar a crescer”, realçou.

O dirigente criticou ainda o crescimento do PIB angolano situado entre os 2% e os 3%, abaixo da taxa do crescimento demográfico, recordando que, só nos “últimos dois anos a população cresceu sete milhões”.

“E nós não crescemos em absolutamente nada do ponto de vista de PIB”, uma situação que “desemprega e traz pobreza” porque “quem cria consumo é o salário e nós temos uma taxa de desemprego na juventude muito elevada”, disse.

“E obviamente que o Governo tem de estar muito atento para não deixar piorar a situação”, insistiu José Severino.

A AIA defende que Angola tem de crescer a uma taxa do “dobro do crescimento demográfico para recuperar desses 10 anos que não teve crescimento do PIB”.

A agricultura “devia estar a crescer a 15% e 20%, mas cresce a 6,5%. Batemos palmas e não entendemos porque batemos palma quando se cresce a 6% com todas as condições que a gente tem”.

Por isso “propusemos ao Governo nesta segunda legislatura, tivemos alguns sinais positivos de indicações das agências internacionais de crescimento de 2,5% a 3%, mas é pouco”, notou.

“E ainda com o peso do preço do petróleo a economia real continua a ser muito frágil por continuar a ser dependente de importações de matéria-prima, do know-how, de mão de obra e de tecnologia, ficamos muito orientados àquilo que é a cesta básica”, rematou o presidente dos industriais angolanos.

LUSA

Editor
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O Site Correio Digital tem como fim a produção e recolha de conteúdos sobre Angola em grande medida e em parte sobre o mundo para veiculação. O projecto foi fundado em 2006.

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