Só o Tesouro Nacional colocou menos 1.791,9 milhões USD no mercado cambial face ao mesmo período de 2022 quando vendeu 3.181,7 milhões USD. Procura em alta e oferta em baixa afundou o kwanza.
Os bancos comerciais conseguiram comprar menos cerca de 2.850 milhões USD em divisas no mercado cambial no I semestre do ano face ao mesmo período do ano passado, equivalente a menos 32,4%, estando na base para a forte desvalorização cambial que se verificou neste período, de acordo com o boletim do Banco Nacional de Angola (BNA) sobre a evolução do mercado cambial.
Contas feitas, os bancos ficaram com um total de 5.928,9 milhões USD entre Janeiro e Junho deste ano, o que comparava com os 8.774,6 milhões USD verificados no mesmo período de 2022. “No primeiro semestre de 2023, registou-se uma contracção na oferta de moeda estrangeira no mercado cambial devido à redução da oferta do Tesouro Nacional, visto que em alguns meses notou-se a ausência do mesmo no mercado.
Não obstante a forte redução das disponibilidades em moeda estrangeira, a procura manteve-se elevada em resultado das necessidades do mercado e das expectativas geradas sobre o regresso do Tesouro, facto que não ocorreu, traduzindo-se no aumento da pressão sobre a taxa de câmbio”, refere o relatório do banco central. Essa pressão sobre a taxa de câmbio traduziu-se numa depreciação de 38,8% da moeda nacional face ao dólar e de 40,2% face ao euro.
“A diminuição das receitas de exportação como resultado da tendência de queda do preço de petróleo nos mercados internacionais, aliado à queda da produção petrolífera angolana, influenciou negativamente as expectativas não apenas dos bancos comerciais, como também dos demais agentes económicos sobre uma menor oferta de moeda estrangeira, tendo em conta a ausência do Tesouro Nacional do mercado cambial nos meses de Abril e Junho”, refere o relatório.
De facto, só o Tesouro Nacional vendeu menos 1.791,9 milhões USD face ao mesmo período de 2022 quando colocou no mercado 3.181,7 milhões USD (mais mil milhões USD face ao mesmo período de 2021). O facto de o Tesouro Nacional ter colocado um volume tão elevado de divisas no mercado cambial em 2022, ano eleitoral, é uma das razões para o kwanza ter apreciado 10% face ao dólar naquele ano, o que segundo alguns analistas acabou por ser uma “apreciação artificial”, já que tirou a moeda nacional do seu real valor, estando agora o País a pagar essa factura.
Além da redução substancial das divisas disponibilizadas pelo Tesouro Nacional, o mesmo aconteceu com as petrolíferas, já que quanto mais desvalorizado estiver o Kwanza menos necessidades de moeda nacional elas têm. Assim, as petrolíferas colocaram na plataforma da Bloomberg (onde são feitos os leilões de divisas) menos 974,2 milhões USD.
Assim, contas feitas, Tesouro Nacional e petrolíferas são responsáveis por 97,2% dos quase 2.850 milhões USD a menos em divisas disponibilizadas ao mercado cambial no I semestre deste ano.
Acresce que além da pressão que resultou da escassez de moeda estrangeira, segundo o BNA também se verificou uma expansão dos agregados monetários neste período, o que se traduziu em liquidez adicional em moeda nacional no mercado cambial que serviu “também para pressionar a taxa de câmbio”.
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