O Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social do Brasil (BNDES) poderá financiar um projecto agro-industrial, ao longo do perímetro irrigado do canal do Cafu, informou esta sexta-feira, o embaixador deste país sul-americano, Rafael Vidal.
No quadro da cooperação estratégica de investimento entre os dois Estados e da persecução da diversificação da base produtiva da agricultura angolana, o Brasil vai explorar os diferentes domínios do agro-pecuário ao longo do canal do Cafu.
Para o efeito, diz o diplomata, que falava no seminário sobre “Política Agrária Brasileira e Cooperação com Angola”, urge a necessidade de abertura de uma linha de financiamento, a princípio deverá ser o BNDES, uma vez que Angola saldou a totalidade da sua dívida com este banco brasileiro.
“Recentemente, Angola pagou a totalidade da dívida com o BNDES, que estava em cifrada em 3.5 biliões de dólares (um dólar equivalente a 760,89 kwanzas), agora tem todas as condições para solicitar um novo financiamento para sustentar os diferentes projectos em curso”, disse o responsável.
O diplomata explicou que Angola, desde o final da década de 90 e de 2000, foi o país que mais contraiu empréstimo ao BNDES, mas que, nos últimos anos, honrou com o pagamento.
Neste particular, Rafael Vidal, adiantou que Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social do Brasil (BNDES) conta com um capital disponível para financiamento de 100 biliões de dólares, com taxas de juros competitivas no mercado internacional, com linhas de crédito de fácil acesso.
De acordo com o embaixador brasileiro, o Presidente Lula da Silva, orientou a retomada das linhas de financiamento, mediante estudos prévios, para ajudar os projectos dos países parceiros da República Federal do Brasil.
Sobre o projecto, o diplomata avançou que a intenção é ajudar a impulsionar a produção agrícola, a diversificação da base produtiva da agricultura angolana, bem como contribuir significativamente para a segurança e a auto-suficiência alimentar.
Com início efectivo previsto para o primeiro trimestre de 2024, o projecto centrado na agricultura irrigada e familiar, tem igualmente como objectivo a transformação do potencial da água, em produção, em grande escala, com dos pequenos agricultores locais.
De acordo com o embaixador, o projecto será desenvolvido, durante 10 anos, num modelo produtivo público.
Segundo o responsável, nesta primeira fase de execução do projecto, estão a ser identificados modelos, valências e constrangimentos, assim como a criação de uma comissão multidimensional de gestão do plano.
A segunda etapa contempla os investimentos e a execução, a partir das políticas públicas e dos projectos pilotos, bem como as infra-estruturas, pesquisas e investigação agrária e veterinária.
Na ocasião, o director de Estudos e Planeamento do Ministério da Agricultura e Floresta, Anderson Jerónimo, considerou que a partilha de experiência com os especialistas é crucial para acelerar a produção agropecuária no país.
“O Brasil tem o domínio da agricultura e é um dos maiores produtores de alimentos do mundo, e vem trazer valências para Angola”, disse.
A delegação do Brasil teve a oportunidade de visitar os perímetros irrigados do Cafu (Cunene) e da Matala (Huíla).
O seminário sobre “Política Agrária Brasileira e Cooperação com Angola”, foi promovido pelo Ministério da Agricultura e Florestas.
ANGOP