Três anos depois do lançamento do plano de recapitalização e restruturação do Banco Económico, a instituição bancaria viu a sua estrutura financeira reforçada pelo capital dos seus 40 maiores depositantes, que aceitaram disponibilizar 65% dos seus depósitos para concluir a restruturação. Passou por um financiamento de 1,1 biliões de Kz, sendo que 330 mil milhões surgiram sob a forma do fundo e os restantes 770 mil milhões através da “compra” de títulos de participação.
Assim, os 40 maiores depositantes (que tinham mais de 5 milhões USD no banco) entraram como fundo de capital de risco. Em Setembro este Fundopassou a ser o novo dono do Banco Económico, gerido pela IFA na figura do seu PCA, Francisco Garcia dos Santos. O Fundo foi constituído pelo valor de 330 mil milhões Kz, inicialmente realizados 272 mil milhões Kz, dos quais 271 mil milhões serão o capital social do Económico e os restantes mil milhões serão para pagar as despesas do próprio fundo.
De ressaltar, que devido aos “grandes males” que o banco tinha, o Novo Banco de Portugal e a Sonangol saíram do capital social do BE. A petrolífera nacional chegou mesmo a mencionar no seu relatório e contas de 2021 o interesse em sair do Banco Económico, onde tinha uma participação de 70,38%, sócia maioritária. Conforme o relatório e contas da petrolífera, o valor do seu activo no banco era com valor zero, registando uma provisão na proporção da sua posição líquida.
Em 2019, quando o Banco Económico chumbou nos testes de Avaliação da Qualidade de Activos, a Sonangol comprometeu-se por escrito em fazer a recapitalização do banco. Só mais tarde é que decidiu alterar a sua posição e fez saber que não iria disponibilizar mais verbas na instituição bancária. O programa de restruturação tem a duração de 10 anos e durante esse período os depositantes não podem sair do fundo, nem repassar os seus títulos de participação.
Com a nova gestão, o Banco Económico apresentou o acumuado dos relatórios e contas (de 2019, 2020, 2021), onde 2019 obteve o segundo maior prejuízo da história da banca angolana, ao registar resultados líquidos negativos de -531,2 mil milhões Kz, recuperando em 2020 para -137,8 mil milhões e regressando aos lucros em 2021, com 173,3 mil milhões.
Quanto aos resultados apresentados, foi por pouco que em 2019 o BE não ultrapassou aquele que é o prejuízo recorde da banca angolana, quando em 2020 o BPC registou um resultado líquido negativo de -535,9 mil milhões Kz.
Entretanto, estes resultados negativos devem-se essencialmente à Avaliação à Qualidade dos Activos (AQA) dos maiores bancos angolanos, levada a cabo pelo BNA e acordada com o FMI. Esta avaliação destapou necessidades de capitalização avultadas na banca, já que identificou carteiras de crédito com elevada exposição ao malparado e activos imobiliários sobrevalorizados. Foi o que aconteceu no Banco Económico, mas também no BPC. O banco ainda precisa de arranjar “dinheiro” para os investimentos que necessita de fazer.
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