O Banco Nacional de Angola aponta a uma forte desaceleração da economia nacional até 2025, ano em que deverá crescer apenas 1,56%, depois da expansão do PIB na ordem dos 3,35% em 2023 e dos 2,94% em 2024, de acordo com o relatório de Análise da Conjuntura Económica e Financeira do IV trimestre de 2022, publicado recentemente.
O banco central regressa, assim, à publicação de previsões sobre a economia nacional, mostrando-se mais pessimista do que o Governo, o Fundo Monetário Internacional ou do que o Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica.
Segundo o relatório de Análise da Conjuntura Económica e Financeira, o principal “culpado” pela desaceleração do crescimento da economia em 2025 é o PIB petrolífero. O banco central aponta para 2025 a uma queda de 5,33% do PIB do sector do petróleo e gás, com o PIB não petrolífero a ser incapaz de inverter a forte desaleceração, apesar do crescimento de 4,51% face a 2024.
A verificar-se este exercício de previsão do banco central, não são boas notícias para o País, já que o crescimento do PIB abaixo do crescimento da população significa que a economia não está a gerar os empregos necessários para acolher as pessoas que todos os anos entram em idade activa de trabalhar. Ou seja, o País estará assim, novamente, a criar mais pobres e informalidade.
“Este fraco crescimento económico poderá fazer com que o dividendo demográfico represente um enorme problema para a governação. O país poderá não ter condições de garantir empregos para todos, no sector formal da economia, e como tal não se vislumbra uma melhoria da qualidade de vida dos angolanos”, sublinha o investigador económico Fernandes Wanda em declarações ao Expansão.
Assim, para fugir a esta “armadilha”, adianta Wanda, o País deve “apostar no fomento da produção de matéria-prima local os segmentos da indústria que hoje existem. Esta seria uma via sustentável de reduzir a actual influência que o sector petrolífero tem no resto da economia”.
Já o economista-chefe de um dos maiores bancos do País admite que é notório “o impacto que tem a evolução da produção de crude, que determina a economia petrolífera, no crescimento do PIB global”, ou seja, a economia angolana continua demasiado dependente desta matéria-prima cuja produção tem estado em declínio no País.
“Mas o essencial para o País, para o emprego, para o bem-estar dos angolanos, é o crescimento do PIB não-petrolífero. Essa é a grande dúvida. Será que o PIB não-petrolífero passou a crescer acima da população? Seria uma grande vitória para o País e o garante de diminuição do desemprego e da miséria que reinam”, acrescenta.
Mas se as notícias ao nível do crescimento da economia são negativas, do ponto de vista da inflação acontece o inverso, uma vez que o banco central aponta a uma inflação em final de período de 10,0% no final deste ano, de 7,73% em 2024 e de 6,72% em 2025. A concretizar-se, seria quase um feito inédito em Angola, já que desde o final da guerra civil apenas por três vezes o país conseguiu fechar um ano com uma taxa de inflação abaixo dos dois dígitos e nunca abaixo dos 7,0% a que o banco central aponta para 2025.
Segundo o banco de dados do FMI, foi em 2012 (9,0%), 2013 (7,7%) e 2014 (7,5%). Só que as previsões do BNA para a inflação até 2025 podem ficar comprometidas caso o Governo decida avançar com o fim da subsidiação aos combustíveis, já que pressionará os preços a subir.
Expansão