Especialistas justificam esta queda com a descida do valor das acções do BAI que a 12 de Outubro valiam 54 000 Kz e na terça feira já só valia 28 500 Kz. Já as do Caixa Angola, que chegaram a veler 17 000 Kz cairam 29% para os actuais 11 998 Kz. Mercado de bolsa é curto e não tem liquidez.
O valor de mercado das acções do BAI e do Caixa Angola cotadas na BODIVA caiu em conjunto, 43% desde o pico de valor de mercado em que estas acções foram vendidas a preços mais elevados a 12 de Outubro, até terça-feira, dia 6, as acções do BAI afundaram 47% e as do Caixa caíram 29%.
Na base da queda da capitalização bolsista do mercado está essencialmente a enorme desvalorização que sofreu o valor das acções do BAI. A 12 de Outubro uma acção do maior banco em activos na Bodiva valia 54 000 Kz, mas esta terça-feira valia apenas 28 500 Kz, o que representa uma descida de 47%. Recorde-se que as acções do maior banco em activos chegaram à BODIVA a 9 de Junho cotadas em 20 640 Kz.
Mas a descida do valor das acções do BAI não é a única culpada da queda da capitalização bolsista do mercado verificada desde a última, já que as acções do Caixa Angola que tinham valorizado 240% duas semanas depois da sua chegada à bolsa, esta terça-feira caíram para 11 998 Kz, representando uma queda de 29% desde os 17 mil Kz a que estavam cotadas a 12 de Outubro.
Especialistas esclarecem que na base da redução da capitalização do mercado está o facto de as acções do BAI terem alcançado um preço demasiado elevado para a liquidez e procura que existe actualmente no mercado bolsista nacional, considerado ainda demasiado pequeno.
O consultor Francisco Garcia dos Santos explicou que era necessário ter cuidado com os níveis de valorização que o mercado estava a viver porque colocavam em risco a transaccionalidade das acções, ou seja, quanto mais alto o preço mais difícil é convertê-las em liquidez. “Não acredito que existam muitos investidores com capacidade financeira para comprar as acções a preços muito elevados”, disse.
Estas questões acabam por “assustar” investidores, especialmente estrangeiros, por temerem que os seus investimentos podem estar em constante risco. Nas IPO”s dos dois bancos houve rateio de pouco mais de 70% para as acções do BAI e 48,91% no caso do Caixa Angola. O que significa que quem conseguiu comprar as acções dos dois bancos não conseguiu comprar o número de acções a que se candidatou e teve de aguardar pela sua chegada à bolsa para tentar comprar mais, de modo a estar mais perto da sua meta em termos de ganho de dividendos.
Para piorar a situação e aumentar ainda mais a procura no caso do BAI, quase 2 852 investidores tentaram comprar as acções mas pouco mais de 842 investidores conseguiram concretizar a operação. Estes factores fizeram a procura disparar e os investidores estavam interessados em comprar as acções a qualquer preço o que resultou em valorizações elevadíssimas.
Outro factor que teve um impacto no mercado foi segundo alguns especialistas que solicitam o anonimato, a entrada das acções do Caixa Angola em bolsa porque na altura ao preço de uma acção do BAI a 48 000 Kz era possível comprar 8 acções do Caixa. Facto que tornava mais competitivas as acções do Caixa já que “o BAI em 2021 pagou um dividendo por acção de 3 275 Kz enquanto no mesmo período o Caixa Angola pagou 820 Kz.”, revelou uma fonte.
Contas feitas, caso o Caixa e o BAI mantenham constante o valor do dividendo pago por acção “um investimento de 48 000 em acções do Caixa tinha um potencial de retorno de 6 560 Kz quando o mesmo valor em acções do BAI dava só um retorno de 3 275 Kz”, revela um director de sala de mercado. Para o mesmo especialista, isto justificou a elevada procura que houve pelas acções do Caixa Angola e que na sua opinião obrigou o BAI a colocar no mercado 972 500 acções até 30 de Dezembro.
Para o especialista a operação de venda de 5% das acções próprias do BAI é uma forma do maior banco em activos controlar a queda do preço das acções ao mesmo tempo que aproveita para encaixar algum dinheiro com a valorização das acções do banco no mercado.
Expansão