Depois de o banco central ter colocado travão ao reforço de capital do empresário com recurso a um empréstimo do Grupo Carrinho, foi encontrada a solução no BCI, um banco detido pelo grupo mas que está obrigado até ao final do mês a apresentar um plano de recapitalização e reestruturação.
O dinheiro que o empresário Rui Campos precisa para reforçar o capital no Banco Keve e tornar-se no maior accionista deverá sair do Banco de Comércio Indústria (BCI), obedecendo a uma estratégia acordada com o Grupo Carrinho a quem inicialmente tinha solicitado um empréstimo, mas que foi barrado pelo Banco Nacional de Angola (BNA.
A “solução” em marcha prevê que o recurso saia agora do BCI, que é uma instituição financeira bancária habilitada a conceder créditos ou cedências de liquidez e é detida pelo Grupo Carrinho, depois de ter vencido o primeiro leilão em bolsa para a privatização de um banco público.
“Relativamente ao aumento de capital no Banco Keve , a operação tal como ela foi apresentada, o BNA entendeu rejeitá-la porque entendemos que a entidade que estava a financiar o processo de aumentar de capital não é uma instituição financeira. E nesse sentido, naquilo que são os cumprimentos das normas e da lei foi instruído ao banco Keve para encontrar uma nova solução de financiamento do seu aumento de capital.
Este processo ainda não está concluído e nós estamos a fazer uma apreciação da nova proposta que nos foi entregue e tão logo tenhamos uma resposta diremos ao banco Keve qual é a nossa posição relativamente a essa nova proposta que nos apresentaram”, esclareceu Rui Minguês, vice-governador do BNA, em resposta a uma pergunta do Expansão.
Para o economista Alberto Vunge, esta solução é um arranjo que suscita alguma curiosidade na medida em que o próprio BCI também está em fase de capitalização. “O que sabemos é que tem em curso um plano de injecção de fundos, via empréstimo obrigacionista e capital fresco”, aponta.
Alberto Vunge considera ainda que este possível recurso ao Grupo Carrinho, seja por via directa ou via BCI, não deixa de levantar preocupações. “Concentrar a sustentabilidade destes dois bancos num grupo empresarial cuja capacidade financeira real desconhecemos não é salutar”, alerta o analista de assuntos de banca.
A razão por detrás da recusa era que o grupo Carrinho “não é um banco” e que Rui Campos “tem de fazer prova de que terá recursos financeiros para investir no banco em caso de necessidade”.
Noutra hipótese, o BNA tentou convencer o grupo Carrinho a entrar no Keve em vez de financiar um aumento de capital de outro accionista, o que a confirmar-se seria a segunda entrada deste grupo de Benguela como accionista de uma instituição bancária, depois de ter vencido o leilão em bolsa para a aquisição do Banco Comércio e Indústria.
Expansão