O líder do segundo maior partido da oposição, a Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE), Abel Chivukuvuku, diz estar a ser alvo de “calúnias” com o objectivo de o afastar do cargo, negando peremptoriamente ter desviado dinheiro da organização partidária que dirige.

Em conferência de imprensa realizada na tarde de terça-feira, Abel Chivukuvuku respondeu aos líderes de cinco dos seis partidos que integram a CASA-CE que o acusaram, com queixa em tribunal, de ter desviado 15 milhões de kwanzas dos cofres da coligação, considerando estar a ser alvo de uma “trama” engendrada por quem lhe cobiça o lugar.

“São calúnias”, reiterou Chivukuvuku, sublinhando que quem está por detrás delas é quem pretende expulsar o líder para ocupar o lugar, apontando claramente o dedo aos “colegas” que estão a agir “sem respeito pelas regras estatutárias” que denem a forma como são disputados os cargos internos em congresso.

O líder da CASA-CE garantiu ainda que aqueles que protagonizam este assalto ao poder vão ser “devidamente responsabilizados”.

Abel Chivukuvuku aproveitou ainda para garantir que só não desviou quaisquer montantes dos cofres da CASA como é a coligação que está em dívida para consigo, visto que é ele que tem financiado algumas actividades quando não há disponibilidade de tesouraria na Coligação, que foi a casa dele que serviu de espaço para preparar e organizar o
arranque da organização política e é em armazéns seus que estão guardados muitos dos meios e equipamentos da CASA-CE, “tudo grátis”, sem “nunca ter recebido nada em troca”.

Garantiu que o seu nome “não consta de nenhuma conta bancária da CASA-CE”, que “nunca” movimentou dinheiros da Coligação nem recebeu quaisquer subsídios ou salários, lamentando que “uma organização que representa a esperança de milhares de angolanos” esteja a ser prejudicada desta forma por “colegas ingratos e cuja postura é caracterizada pela mentira a calúnia e a maldade”.

Recorde-se que a Coligação, composta inicialmente pelos partidos PADDA-AP, PPA, PALMA e PNSA – entrando mais tarde o Bloco Democrático e o PDP-ANA -, tem o seu Conselho Presidencial, o órgão mais importante entre congressos, marcado para hoje, que deverá ser globalmente marcado por esta polémica que envolve o 3º maior “partido” angolano.

Recorde-se Abel Chivukuvuku não ocupou o cargo de deputado e mantém-se como líder da Coligação sem integrar qualquer um dos seis partidos que a compõem, tendo, nas últimas eleições, conseguido eleger 16 deputados, o dobro dos eleitos de 2012.

Versões contraditórias

Entretanto, os partidos apontados pelo líder da CASA-CE de estarem por detrás da “trama”, admitem terem avançado com o processo, mas existem contradições no que toca às razões que a sustentam.

Uma das garantias dadas nas últimas horas pelos lideres dos partidos apontados a dedo por Chivukuvuku é que não existe acusação de desvio de dinheiro mas sim a exigência de mudança de método na gestão política da Coligação.

Estes partidos, citados pela VOA, exigem paridade na tomada de decisões que envolvam a CASA-CE, com destaque para aqueles que têm e não têm liação partidária, nomeadamente nas lideranças provinciais e municipais.