As chuvas intensas que caem na província do Moxico, leste de Angola, deixaram ao relento duas mil e 330 famílias, em consequência do desabamento de suas casas, num total de 466 de construção precária (adobe).
Segundo um relatório/balanço das chuvas do comando provincial dos Serviços de Protecção Civil e Bombeiros (SPCB) chegado hoje à Angop, no Luena, de Outubro de 2017 até a primeira quinzena do corrente mês, 466 casas desabaram em cinco dos nos nove municípios que compõem a província do Moxico.
Deste número, 248 casas ficaram sem tecto e outras 218 desabaram parcialmente, deixando ao relento 2.330 famílias dos municípios do Moxico (sede), Alto Zambeze, Luacano, Léua e Camanongue, os mais afectados.
O SPCB está em vias de apresentar o relatório da sinistralidade à comissão provincial de protecção civil e bombeiros, coordenada pelo governador provincial, Gonçalves Muandumbua, para se encontrar soluções para as vítimas, concluiu a nota.
Entretanto, o chefe do departamento provincial no Moxico do Instituto Nacional de Meteorologia (INAMET), Manuel Chissola, afirmou que as chuvas vão continuar a cair acima do normal, o que pode vir a piorar o cenário dos desabamentos das residências.
Defendeu a instalação de para-raios comunitários, com vista a “travar” os relâmpagos, fenómeno que, segundo o responsável, também está contribuir no desabamento de residências, e que evita acidentes mortíferos, bem como de queda de árvores.
Em face à sorte em que estão atiradas as famílias, o administrador do município do Moxico (sede), Waldemar José Linguenhe Salomão, que o organismo está a apoiar as famílias mais carentes com material de construção e terrenos.
Como não é possível atender a todos, disse, tem sensibilizado as pessoas para evitarem construir em zonas de riscos.
Apontou a população dos bairros Alto Luena, Aço, Kwenha e o 4 de Fevereiro, arredores do Luena, como a mais afectada, por possuírem “terrenos em declínio”.
A propósito dos desabamentos das residências, o técnico de construção civil Claúdio Mucanda “Matchus” disse à Angop, que o mesmo ocorre por falta de orientação técnica do tipo de solo, posição e junção de matérias para se construir uma residência.
Entre outro aspecto, argumentou que, para a construção de moradias, é importante observar-se a areia, posição do sol, chuva e suas correntes, declínio, vento, abertura e tamanho de janelas e portas para evitar fissuras, assim como se efectuar a manutenção preventiva.
Admitiu que as casas construídas com argilas, bloco ou tijolo de adobe, como são conhecidas, com o devido seguimento e apoio de peritos, são duradouras, ao contrário do que acontece actualmente.