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CIDADELA DESPORTIVA TRANSFORMADA EM “CENTRO COMERCIAL”

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Construído antes da independência, monstro histórico, cujas obras nunca chegaram a ser concluídas, foi em 2019b impedido pelo MINJUD de acolher partidas de futebol, o que deixou” quase abandonado”, relegando o seu futuro ao governo central.

O Engenheiro António Venâncio, alerta que tudo é possível para a sua recuperação.

A classe futebolística angolana tem falado constantemente sobre o destino a ser dado à Cidadela Desportiva, antiga catedral do futebol nacional, cuja parcial interdição foi anunciada em 2019 pela Ministra da Juventude e Desportos, devido à degradação de alguma placas de betão do segundo anel do estádio.

Transformado num ‘gigante adormecido’ o Estádio Nacional da Cidadela encontra-se parcialmente abandonado, mas a sua relva, apurou o Novo Jornal, continua a merecer o seu tratamento, não com a mesma regularidade como nos tempos em que era o principal palco do futebol doméstico.

Hoje, o reflexo da Cidadela Desportiva, embora não se queira narrar, é doloroso. Quem o visita se depara com fissuras ou rachaduras perigosas, colocando em causa a sobrevivência daquela histórica catedral.

Localizado no distrito urbano do Rangel, município de Luanda, e inaugurado em 1972, ainda na era colonial, o estádio apresenta uma imagem interior e exterior que transmite tristeza para quem conhece bem aquele império do ‘trumunu’ angolano.

Construída há mais de 40 anos, a catedral do futebol angolano, apesar de já ter beneficiado de algumas obras paliativas, mantém a sua estrutura de betão inicial, sem cobertura em toda a sua extensão externa e interna.

Aquando do campeonato Africano das Nações (CAN / 2010), muitos angolanos pensaram que a estrutura beneficiaria de algumas obras de recuperação, mas no final das contas ganhou a ideia de se construir o 11 de Novembro, o gigante da Camama, que ‘engoliu’ mais de 250 milhões de dólares.

Joaquim Manuel, lavador de carros na parte exterior do estádio da cidadela, desabafou ao NJ que o Executivo devia pensar seriamente sobre o destino a dar a essa infra-estrutura que quase está abandonada.

Jacinto (nome fictício), funcionário de um dos empreendimentos disse à reportagem ao Novo Jornal, que a catedral do Futebol perdeu valor quando o estado angolano decidiu construir o 11 de Novembro.”Não valorizamos o antigo”, atira.

Hoje por hoje, a cidadela fechou as portas ao futebol, mas os espaços à volta, todos arrendados pela entidade gestora, no caso o Ministério da Juventude e Desporto (MINJUD), continuam intactos.

Oficina para automóveis, gráficas, igrejas, restaurantes, hospedaria, konica, mercenárias, empresa de publicidade e de segurança, ginásios, centro de formação, petshop, barbearias, salões de beleza, lojas de venda de material de construção civil e Banco Angolano de Investimento (BAI), são as instituições privadas que lá funcionam.

Durante a reportagem, o NJ tentou pelo menos questionar alguns responsáveis das infra-estruturas que ali funcionam, mas recusaram-se a prestar declarações, tendo-se limitado a dizer que estão ali porque pagam renda à entidade que faz a gestão do Complexo Desportivo da Cidadela.

O interlocutor desconhece a realidade dos outros prestadores de serviços que também têm a cidadela como quartéis-generais.

Ao contrário do passado, com o passar do tempo nos espaços antes livres, nos últimos anos foram erguidos projectos imobiliários, isto é, edifícios com mais de 10 andares e outros ainda em obras.

Se a prática do futebol foi vetada pelo MINJUD, no passado mê de Agosto, ignorando os riscos que tiveram no encerramento parcial do estádio, o MPLA, partido no poder desde 1975, realizou uma actividade na cidadela na qual participaram centenas de milhares, que se acomodavam nas bancas e na quadra.

Em 2008, Marcos Barrica antigo ministro da Juventude e Desportos, disse em entrevista a distinta Revista África, que o estádio Cidadela representa um perigo para o público que circulava diariamente à volta.

“Faz tempo que o recinto não apresenta as mínimas condições para a acomodação dos amantes do futebol ou adeptos, por isso o Ministério da Juventude e Desportos, interditou há seis anos o segundo anel “, lembra Marcos Barrica em 2008.

Federações desportivas livres dos contratos de arrendamento

Ao contrário das lojas, igrejas, restaurantes, gráficas e outras instituições que lá funcionam, as federações desportivas nacionais têm um custo limitado para com a entidade gestora, estando elas apenas a pagar as despesas do consumo da energia eléctrica e água.

“ As federações estão instaladas na Cidadela por serem filiais do Ministério da Juventude e Desportos, não fazem parte dos que pagam ou têm contrato de arrendamento”, confirmou ao NJ uma fonte ligada a uma federação desportiva.

A falta atempada de manutenção desta infra-estrutura histórica, que nunca chegou a ser concluída, já levou o executivo a ponderar a sua requalificação ou demolição. Reinaugurado a 10 de Dezembro de 1981, por ocasião dos extintos jogos dos países da África Central, em que Angola se mostrou ao mundo como uma nação ávida de desporto, o estádio já beneficiou de algumas obras de restauração. Todavia o projectado Complexo Desportivo nunca chegou a ser concluído.

Ocupam espaços para as suas redes sociais na Cidadela, instituições desportivas como o Comité Olímpico Angolano (COA), Comité Paralímpico Angolano (CPA), Federação Angolana de Andebol, Judo, Ciclismo, Ténis de Mesa, AMUD, Centro e Medicina Desportiva e Federação Angolana de Basquetebol.

Esclarecimento: Destino da cidadela entregue ao governo central

Em resposta ao questionamento de cinco perguntas elaboradas pelo Novo Jornal, o Ministério da Juventude e Desportos, tutelado por Ana Paula do Sacramento Neto, afirmou que por ser um património do estado, cabe ao governo central pronunciar-se se a infra-estrutura será demolida na totalidade ou parcialmente.

Entretanto, o MINJUD não revela ao NJ os rendimentos anuais com os arrendamentos da cidadela, mas confessa que existem contratos que na sua maioria se renovam automaticamente, sempre que uma das partes manifesta a intenção de permanecer.

“ É difícil calcular os rendimentos, pelo facto de os arrendamentos não serem regulares com os pagamentos, para além de uma parte considerável alegar falta de liquidez”, Justificou o MINJUD.

Novo Jornal

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