O Presidente da República, João Lourenço, encontra-se desde a tarde de ontem em Abidjan para participar na quinta Cimeira União Africana-União Europeia (UA-UE), que decorre hoje e amanhã na capital da Costa do Marfim.
João Lourenço junta-se a pouco mais de oitenta Chefes de Estado e de Governo africanos e europeus que buscam estratégias comuns para o desenvolvimento do continente, que regista os mais baixos índices de pobreza do mundo.
À chegada no aeroporto Félix Houphouët-Boigny, o estadista angolano foi recebido pelo seu homólogo costa-marfinense Alassane Ouattara. Nesta sua terceira deslocação ao estrangeiro desde que foi investido a 26 de Setembro no cargo de Presidente da República, João Lourenço faz-se acompanhar da Primeira Dama, Ana Dias Lourenço, de membros do seu gabinete e de alguns ministros.
Manuel Augusto e Ana Paula do Sacramento, ministros das Relações Exteriores e da Juventude e Desportos, respectivamente, destacaram a importância desta cimeira para o reforço das relações entre a Europa e África.
Os propósitos dos líderes dos dois continentes estão subjacentes no lema da cimeira, que é exactamente “Investir na Juventude para um futuro sustentável”.
Juventude
Os aspectos ligados à juventude assumem carácter prioritário, sobretudo por esta constituir mais de 60 por cento da população do continente.
É a pensar no facto de a maioria dos africanos ter menos de 25 anos que políticos, diplomatas e representantes de várias áreas do saber estarão a pensar quando se pronunciarem no decorrer da cimeira, a ser presidida por Alpha Condé e Donald Tusk, os líderes dos dois blocos.
É opinião generalizada nos bastidores da cimeira que, não obstante alguns passos dados desde a primeira vez, os dirigentes africanos e europeus se juntaram, no ano de 2000 no Cairo, há ainda um longo caminho a percorrer para se atingirem os objectivos traçados.
Dezassete anos depois, há a assinalar o adiamento da implementação de vários programas de desenvolvimento em distintas matérias no continente.
A crise dos refugiados africanos que, diariamente, cruzam várias fronteiras para se aventurarem no Mediterrâneo em busca de segurança na Europa é um dos assuntos que ensombra as relações entre Europa e África.
De resto, esse capítulo alonga a série de questões perturbadoras para a juventude do continente.
Ponto incontornável
Embora não se traduza num ponto específico da agenda, acordada previamente, os observadores estimam que a recente denúncia da escravização de jovens africanos na Líbia seja um ponto incontornável das discussões temáticas, que incluem os itens sobre a democracia, direitos humanos, a migração e a mobilidade.
Paz, segurança, o reforço das oportunidades económicas para os jovens e cooperação em matéria de governação constituem igualmente temas prioritários da cimeira, realizada num ano considerado determinante para as relações entre a União Europeia e África.
Vale recordar que já se passaram dez anos desde a adopção da Estratégia Conjunta para os dois blocos, como se lê numa página de internet do Conselho Europeu. África, a Europa e o mundo estão atentos ao que se passa em Abidjan.
Em distintos círculos a Cimeira UA UE é vista como momento decisivo para o reforço da dos laços políticos e económicos das regiões que depois de terem mudado o estatuto de colonizador e colonizados tentam buscar fórmulas para uma cooperação realmente vantajosa nos dois sentidos.
Em Abidjan, nos corredores do hotel onde se realiza a cimeira e nas áreas adjacentes não passa despercebida a presença de jovens africanos e europeus que se desdobram em vários eventos paralelos.