Estudo da Oxfam calculou que a riqueza dos multimilionários aumentou 13% ao ano em média desde 2010. Os cinco brasileiros mais ricos, por exemplo, possuem um património equivalente a metade da população do Brasil.
Apenas cinco bilionários brasileiros concentram patrimônio equivalente à renda da metade mais pobre da população do Brasil, mostra um estudo divulgado nesta segunda-feira (22) pela organização não governamental britânica Oxfam, antes do Fórum Econômico Mundial, que ocorre em Davos, na Suíça, nesta semana.
A lista é encabeçada por Jorge Paulo Lemann (foto), sócio do fundo 3G Capital, que possui participações nas empresas AB InBev (bebidas), Burger King (fast food) e Kraft Heinz (alimentos). Lemann, conforme noticiou a Fórum, no último dia 17 de janeiro, faz parte de uma nova rede de financiamento político.
A lista: Jorge Paulo Lemann, 77 anos (3G Capital); 2) Joseph Safra, 78 anos (Banco Safra); 3) Marcel Hermann Telles, 67 anos (3G Capital); 4) Carlos Alberto Sicupira, 69 anos (3G Capital); 5) Eduardo Saverin, 35 anos (Facebook).
Mais de 80% da riqueza criada no mundo em 2017 foi parar às mãos dos mais ricos que representam um por cento da população mundial, refere um relatório da organização não-governamental Oxfam, hoje divulgado.
No relatório “Recompensem o trabalho, não a riqueza”, a Comissão de Combate à Fome de Oxford (Oxfam, no acrónimo em inglês da confederação de 17 organizações não-governamentais) refere que metade da população mundial não ficou com qualquer parcela daquela riqueza.
O Brasil é um dos países onde se registam as maiores discrepâncias entre os mais ricos e os mais pobres. As cinco pessoas mais ricas daquele país da América do Sul têm um património equivalente a metade da população brasileira, refere o relatório, salientando que a riqueza dos milionários nacionais cresceu 13% em 2017.
Segundo a Oxfam, houve um aumento histórico no número de multimilionários no mundo: “atualmente existem 2.043 multimilionários no mundo e 9 em cada 10 são homens”.
O estudo calculou que a riqueza dos multimilionários aumentou 13% ao ano em média desde 2010, seis vezes mais do que os aumentos dos salários pagos aos trabalhadores (2% ao ano).
O mesmo relatório indicou que em 2017 a riqueza desse grupo aumentou 762 mil milhões de dólares (622,8 mil milhões de euros), uma verba suficiente para acabar mais de sete vezes com a pobreza extrema no mundo.
Para a organização não-governamental, o crescimento sem precedentes do número de bilionários não é um sinal de uma economia próspera, mas um sintoma de um sistema extremamente problemático já que mais de metade da população mundial tem um rendimento diário entre 2 e 10 dólares (entre 1,6 euros e 8,1 euros).
“Enquanto o 1% mais rico ficou com 27% do crescimento do rendimento global entre 1980 e 2016, a metade mais pobre do mundo ficou com 13%”, refere o relatório.
“Mantendo o mesmo nível de desigualdade, a economia global precisaria ser 175 vezes maior para permitir que todos passassem a ganhar mais de 5 dólares (4 euros) por dia”, concluiu a análise.
O lançamento do relatório internacional da Oxfam é feito na véspera do Fórum Económico Mundial, que junta os principais líderes políticos e empresariais do mundo na cidade de Davos, na Suíça, entre 23 e 26 de janeiro.