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Cinco seguradoras controlam quase 70% do mercado em Angola

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ENSA mantém liderança apesar da perda de quota; Viva Seguros emerge com força; ramo “Não Vida” domina com mais de 93% do total de prémios. Crescimento acentua concentração e levanta alertas sobre concorrência.

O sector segurador angolano permanece altamente concentrado, com cinco seguradoras a controlarem 69,49% do mercado em 2024, segundo cálculos do Expansão com base em dados da Associação dos Seguradores de Angola (ASAN) e da Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros (ARSEG). Este nível de concentração, embora ligeiramente inferior ao de anos anteriores, evidencia um mercado ainda dominado por poucos actores e com desafios claros para a livre concorrência.

Top five (5) arrecadam 331 mil milhões Kz em prémios

O grupo formado pela ENSA, Nossa Seguros, Fidelidade, SanlamAllianz e Viva Seguros arrecadou, no total, 331.309 milhões Kz dos 476.739 milhões Kz de prémios emitidos em 2024. As outras 15 seguradoras em actividade dividiram entre si os restantes 145.429 milhões Kz, correspondendo a apenas 30,5% do mercado.

Apesar de, em 2024, o grupo ter registado uma recuperação na quota (subindo de 62,38% em 2023 para 69,49%), a tendência nos últimos cinco anos aponta para uma desconcentração moderada:

      • 2020: 80,5%
      • 2021: 76,76%
      • 2022: 77,22%
      • 2023: 62,38%
      • 2024: 69,49%

Crescimento desigual e novas entradas no mercado

A ENSA, apesar de manter a liderança, perdeu 4 pontos percentuais de quota entre 2022 e 2024, situando-se agora em 26,56%, com prémios avaliados em 126.643 milhões Kz. Já a Nossa Seguros mantém-se em segundo lugar, com 16,37% de quota e 78.043 milhões Kz em prémios.

A Fidelidade ocupa a terceira posição, com 11,18%, enquanto a SanlamAllianz, embora com uma presença relevante, tem vindo a perder terreno — menos 2,32% nos últimos três anos.

Destaque para a ascensão da Viva Seguros, que alcançou uma quota de 6,18%, e da Unisaúde, com 1,28%, reforçando a ideia de abertura gradual do mercado a novos operadores com propostas diferenciadas.

Taxa de penetração ainda baixa, mas com alto potencial de crescimento

Apesar da concentração, o sector ainda apresenta uma taxa de penetração de apenas 0,6%, segundo a ARSEG — valor considerado muito baixo quando comparado com países vizinhos da região da SADC.

“Esta concentração pode ser natural num mercado ainda em desenvolvimento, onde os consumidores procuram seguradoras com maior visibilidade e histórico comprovado”, afirma o jurista Agostinho da Conceição.

Para o especialista, empresas maiores tendem a captar mais mercado por investirem fortemente em canais de distribuição e inovação de produtos, aspectos que as seguradoras mais pequenas têm dificuldade em acompanhar.

Concorrência precisa de reforço institucional

A advogada Ricardina de Morais alerta para os riscos de concentração excessiva, que podem prejudicar a concorrência em concursos públicos e favorecer práticas anticoncorrenciais, especialmente em sectores dominados por empresas públicas.

“Durante muito tempo, a ENSA era praticamente designada para todos os seguros das empresas estatais. Hoje, isso deve ser combatido com políticas que favoreçam um ambiente de concorrência leal e transparente.”

“Não Vida” domina mercado segurador com mais de 93%

Em termos de ramos, o segmento Não Vida lidera com uma quota de 93,65%, enquanto os seguros de Vida representam apenas 6,35%, registando uma queda de 6,43% face a 2022.

  • O ramo Doença representa 35,80% do total e cresceu 45%, alcançando 51.232 milhões Kz em prémios.
  • O ramo Petroquímico, com 17,97%, registou uma redução de 14%, mas ainda contribuiu com 19.926 milhões Kz.

Estes dois ramos concentram, em conjunto, quase 60% de todas as apólices emitidas no país.

Conclusão: Crescimento, mas com desafios claros de diversificação e regulação

O mercado segurador angolano mostra sinais positivos de dinamismo e abertura, mas ainda carece de maior inclusão, regulação activa e estímulo à inovação, sobretudo nos ramos de seguros de Vida e nas zonas com baixa penetração.

A ARSEG tem desempenhado um papel relevante na criação de legislação promotora da concorrência, mas os níveis de desigualdade entre operadores e a influência histórica de grandes grupos ainda colocam entraves à real democratização do sector.

CD/Expansão

Editor
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O Site Correio Digital tem como fim a produção e recolha de conteúdos sobre Angola em grande medida e em parte sobre o mundo para veiculação. O projecto foi fundado em 2006.

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