Melanie Perkins democratizou o design gráfico e criou e preside à única startup australiana avaliada em mil milhões de dólares.
A ideia nasceu em 2007. Melanie Perkins, uma estudante de 19 anos, aluna do curso de comunicação e comércio, estava na sala de estar da casa da sua mãe, em Perth, na Austrália.
Hoje, Melanie é a presidente executiva da única startup tecnológica australiana a valer mil milhões de dólares (860 milhões de euros).
É talvez a mais jovem presidente executiva a liderar uma empresa unicórnio. Poucas tecnológicas australianas atingiram uma escala semelhante.
A ideia sonhada por Melanie dá pelo nome de Canva e consiste numa aplicação de design gráfico que ajuda anunciantes e empresas a criar anúncios, logótipos e apresentações.
Na semana passada, a empresa co-fundada por Melanie, fechou uma nova ronda de financiamento, desta vez de 40 milhões de dólares (cerca de 33 milhões de euros). A Canva tornou-se na única empresa unicórnio da Austrália.
Participaram na ronda de financiamento a Sequoia Capital, a Blackbird Ventures e a Felicis Ventures. E a empresa nem sequer precisava de dinheiro já que é rentável, mas Melanie afirmou à Bloomberg que “era uma loucura não aceitar” já que as condições eram demasiado boas para recuar.
Decisão arriscada
O ponto de viragem na vida de Melanie surgiu quando, então com 22 anos, decidiu arriscar. Deixou para trás a faculdade e apanhou um avião para Palo Alto, na Califórnia para apresentar a sua ideia a um famoso investidor em tecnologia: Bill Tai.
Para tentar convencê-lo a investir na sua ideia para um site de design gráfico, Melanie decidiu seguir uma estratégia arriscada. Tinha lido que, para se impressionar alguém, se deve copiar a sua linguagem corporal.
Decidiu então testar a teoria. “Foi muito engraçado”, disse Melanie, agora com 30 anos, à BBC. “Ele estava sentado com um braço atrás da cadeira, a comer o seu almoço”.
“Então, eu estou ali, com um meu braço atrás da minha cadeira, a tentar comer o meu almoço, enquanto ia avançando as páginas na minha apresentação… para lhe vender o futuro das publicações”.
E para Melanie, o “futuro das publicações” baseava-se na ideia de democratizar o design, permitindo que qualquer pessoa possa facilmente desenhar tudo, desde posters, sites na internet, calendários e cartões.
Para sorte de Melanie, Bill Tai não pareceu notar que ela o estava a imitar. Contudo, também não parecia estar interessado em investir na sua ideia.
“Eu pensei que ele não estava nada a gostar da minha apresentação porque ele estava ocupado com o seu telemóvel durante o tempo todo”, disse Melanie.
Mas a sorte sorriu à jovem australiana. Bill Tai estava impressionado o suficiente para a apresentar a uma rede de outros investidores, engenheiros e programadores de Silicon Valley.
No final, o próprio Tai acabou por investir no negócio de Melanie. Melanie acabou a Canva em 2014 com Cliff Obrecht e Cameron Adams.
Melanie e Cliff tinham antes já cofundado a Fusion Books, uma ferramenta online para criação de anuários escolares. Adams era o cofundador da área de tecnologia e hoje é o administrador responsável pelos produtos da empresa.
A Canva tem 10 milhões de utilizadores em 179 países e a cada segundo são criados 10 designs através do seu site. No próximo ano, a startup planeia duplicar o seu número de funcionários para 500.
DV