Afonso Chipepe, Armindo Costa e Patrício Quingongo encaram a crise energética em França e o aumento dos preços como uma excelente oportunidade para impulsionar a produção da TotalEnergies em África.
A paralisação do gasoduto no Níger e a indisponibilidade da França para pagar urânio a preço de mercado coloca aquele país europeu à beira de uma crise energética mas traz oportunidade para a TotalEnergies aumentar a produção de petróleo e de gás em Angola e noutros países africanos, defende especialista.
A TotalEnergies é o maior produtor de petróleo em Angola e tem grande parte do seu portefólio de produção em África. Estes activos, segundo Armindo Costa, vão servir de bóia de salvação à França para evitar uma crise energética parecida à que está a viver a Alemanha que tem várias indústrias a fechar.
” A França vai ter que dar ordens à TotalEnergies para abrir as torneiras onde está a operar e produzir petróleo e gás, sobretudo em Angola, onde estão campos como o Dália, o Girassol, o Rosa e o Pazflor”, defende Armindo Costa.
Para o especialista, o facto de o preço do petróleo ter batido nos 90 dólares e já haver previsões de que alcance os 100 dólares pelo menos nos próximos 12 meses é outro incentivo para que a TotalEnergies priorize activos em produção e outros que estão em fase de desenvolvimento, como é o caso do bloco 20/11, que foi recentemente unificado numa única área de concessão e passou a integrar os extintos blocos 21/11 e 20/15.
Este Bloco que pertencia à Cobalt aguarda pela decisão final de investimento que esteve prevista para Junho, mas foi adiada porque o Governo ainda não tinha dado todos os passos para que a TotalEnergies avançasse.
Estamos a falar de um Bloco que na fase de pico de produção (em plateau) vai produzir 75 mil barris de petróleo por dia. E Armindo Costa não tem dúvidas que a crise energética que se avizinha na França poderá mesmo fazer que o first oil previsto para 2027 seja antecipado.
” Os operadores não andam mais rápido em função da necessidade dos países em que operam mas sim dos seus países de origem. Isto é uma excelente oportunidade para que a produção petrolífera se estabilize, já que agora o nosso interesse e o deles converge. Temos de aproveitar esta oportunidade e temos que ser optimistas”, revela Armindo Costa.
Além dos blocos que hoje integram o Bloco 20/11 que era da Cobalt e que hoje aguardam pela decisão final de investimento para avançar para a fase de desenvolvimento estão também os Blocos 16/21 e 31/21, que foram recentemente entregues aos operadores TotalEnergies e Eni (agora Azule Energy).
Estes blocos têm melhor potencial para contribuir para o aumento da produção petrolífera em Angola e travar o declínio, garantindo pelo menos a estabilização da produção petrolífera acima dos actuais 1,080 milhões de barris de petróleo por dia.
O economista Afonso Chipepe argumenta que “o preço do petróleo disparou para níveis vistos apenas há um ano, pois a crise que se observa nos países francófonos em África mexe com o sector energético francês, sobretudo na utilização das turbinas nucleares que geram energia através da utilização do urânio proveniente do Níger”.
Por conseguinte, “isso leva a TotalEnergies a procurar alternativas através do aumento da sua quota de produção em países como Angola nos vários blocos por si operados, como por exemplo os Blocos 17 e 32, que veremos a jorrar mais crude do que o previsto e isso obviamente beneficiará o aumento de receitas fiscais para a nossa tesouraria”, conclui Afonso Chipepe.
Por sua vez, o especialista Patrício Quingongo defende que Armindo Costa está certo porque de facto as petrolíferas estão a receber mais dinheiro com a subida dos preços do crude nos últimos tempos. Mas a decisão final de investimento vai depender primeiro do seu plano de investimentos e de onde estas empresas considerarem ser mais competitivo investir.
Para Quingongo, Angola vai ter que concorrer com outros mercados porque hoje as petrolíferas têm activos com muito potencial em todo o mundo. As multinacionais tendem a investir no final do dia onde notarem que é mais competitivo. Para Quingongo, Angola já está a dar demasiados incentivos, o que a torna competitiva, mas “agora vamos ver se as operadoras estrangeiras vislumbram o País como o lugar certo para investir o que estão a ganhar no período de alta de preços do petróleo”.
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