A opinião do deputado português, André Ventura, sobre o mediático caso de agressão de um agente da polícia a uma cidadã angolana indefesa é de uma superficialidade que só pode ser fruto de uma paranóia desmedida que mesmo diante do factos propõe-se dizer que “o sapo também é jacaré.

Alguém tem que dar um basta a esta estirpe de parlamentares da laia do deputado do partido português Chega. Chega!

A paranóia do deputado é de tal ousadia que chega mesmo a acusar o ministro português da Administração Interna, Eduardo Cabrita, de ser “o ministro das minorias” quando a sua obrigação devia ser “proteger as forças de segurança “. E gosta de ironias.

Para o deputado do Chega, André Ventura, o caso da mulher alegadamente agredida por um agente policial, na Amadora, confirma a “paranóia do racismo” que está instalada no país. Este deputado deve padecer também de miopia que ninguém consegue enxergar o estado assustador em que o rosto da senhora que no entender de André Ventura agrediu o agente da PSP. 

“Mesmo quando não se conhecem as provas todas, fala-se logo em racismo. Isso é o pior serviço que podemos prestar a uma sociedade. Um dia, as forças policiais vão recusar-se a intervir em zonas de minorias étnicas com medo das consequências”, adianta o deputado. Deputado, Chega de incitações descabidas. 

Neste caso, o líder do Chega tem informações que contrariam a versão de Cláudia Simões, que, além de ter um passado de “actos ilícitos”, segundo o deputado, “reagiu mal a um polícia que estava a acabar o seu dia de trabalho”. Além disso, há várias testemunhas que podem comprovar o seu comportamento “agressivo”, como o motorista, “também ele negro”, e que já se disponibilizou a testemunhar. Para André Ventura, as imagens vídeo revelam uma “legítima actuação policial”.

No âmbito desta ocorrência, a organização SOS Racismo recebeu também “uma denúncia de violência policial contra a cidadã portuguesa negra”, indicando que a mulher ficou “em estado grave” em resultado das agressões que sofreu na paragem de autocarro e dentro da viatura da PSP em direcção à esquadra de Casal de São Brás, na Amadora, no distrito de Lisboa.

Sobre as circunstâncias da ocorrência, a Direcção Nacional da PSP informou que o polícia acusado de agredir a mulher detida “foi abordado pelo motorista de autocarro de transporte público que solicitou auxílio em face da recusa de uma cidadã em proceder ao pagamento da utilização do transporte da sua filha, e também pelo facto de o ter ameaçado e injuriado”.

Ao contrário da denúncia contra o polícia, a PSP afirmou que a mulher reagiu de forma “agressiva” perante a iniciativa do polícia em tentar dialogar, “tendo por diversas vezes empurrado o polícia com violência, motivo pelo qual lhe foi dada voz de detenção”.

c/ Observador