Há 438 milhões em dividendos pagos pela Galp à Esperaza que estão em paradeiro incerto.
Sonangol (acionista da Esperaza) diz não os ter recebido. Isabel dos Santos diz o mesmo. Galp não diz nada.
Entre 2012 e 2016, a Galp pagou dividendos no valor de 438 milhões de euros à Esperaza, holding detida pela Sonangol e por Isabel dos Santos.
A Sonangol diz não ter recebido este montante.
Isabel dos Santos, empresária e filha do ex-presidente de Angola, também nega ter o dinheiro e garante que nunca recebeu dividendos da Galp.
O Governo angolano, dono da Sonangol, assegura que vai entrar numa “batalha” que “não vai deixar tranquilo o antigo Presidente” angolano.
A petrolífera portuguesa não comenta o assunto.
A história é contada, este sábado, pelo Expresso (acesso pago). O semanário escreve que, entre 2006 (ano em que o empresário Américo Amorim se tornou acionista de referência da Galp) e 2016, a petrolífera portuguesa distribuiu 2,76 mil milhões de euros em dividendos.
Destes, 973 milhões foram entregues à Amorim Energia, holding controlada em 55% pela família Amorim e em 45% pela Esperaza, que, por sua vez, é detida em 60% pela Sonangol e em 40% por Isabel dos Santos.
Entre 2012 e 2016, a Amorim Energia deteve 38,34% da Galp.
Em 2016, voltou a reduzir a participação, para 33,34%, numa venda que lhe rendeu 484,6 milhões de euros.
Nesse período, a Esperaza deveria ter recebido, indiretamente, 438 milhões de euros de dividendos relativos à Galp, pelo que a Sonangol, enquanto sua acionista, deveria ter direito a cerca de 260 milhões (o equivalente aos 60% da sua participação).
Contudo, a petrolífera estatal angolana diz não ter recebido esse dinheiro. Segundo o Expresso, Carlos Saturnino, atcual presidente da Sonangol, veio a Portugal para falar com a Galp sobre este assunto.
O semanário conta que, depois de Isabel dos Santos ter sido afastada da presidência da Sonangol, a equipa de Carlos Saturnino constatou não haver registos, nas suas contas, dos dividendos que deveria receber pela sua participação na Galp.
Questionada pelo Expresso, a Galp não responde se a Sonangol já alguma vez se tinha queixado de não ter recebido dividendos.
O Governo angolano acusa o antigo executivo de ser responsável por este “apagão” nas contas.
Depois do que aconteceu no setor mineiro com a Sodiam, chegou agora a vez de a Sonangol envolver-se numa batalha para reaver os seus direitos.
Uma situação que não vai deixar tranquilo o antigo presidente”, disse ao Expresso fonte da presidência de Angola.