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Desconstrução dos factos: PR apupado durante final do Afrobasket2025

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A final do Afrobasket 2025, que consagrou Angola como campeã africana de basquetebol, ficou também marcada por um episódio inusitado: o Presidente da República, João Lourenço, foi apupado por milhares de adeptos presentes no Pavilhão Arena do Kilamba, durante e após a sua chegada ao recinto desportivo.

Os apupos começaram quando a organização do evento anunciou, a cerca de oito minutos do final da partida, a entrada do Chefe de Estado. A reacção espontânea e sonora do público, expressa por vaias e manifestações de desagrado, surpreendeu a equipa de apoio e os organizadores do evento.

Para tentar contornar o constrangimento, o som ambiente foi imediatamente elevado, sendo reproduzidas músicas de estilo kuduro com volume elevado, numa tentativa clara de abafar os protestos populares. A medida, no entanto, revelou-se insuficiente.

Durante o momento da entrega de medalhas e do troféu à selecção angolana – acto conduzido pessoalmente pelo Presidente – os protestos reacenderam-se com ainda mais intensidade. O público voltou a manifestar-se com vaias audíveis, obrigando a organização a repetir a estratégia de amplificação do som ambiente.

Só após a saída do Presidente da quadra desportiva é que as manifestações cessaram, permitindo o regresso ao ambiente festivo da celebração do título.

Em declarações ao Novo Jornal, vários adeptos presentes no local justificaram os protestos como uma expressão directa de insatisfação popular, provocada pela actual situação económica e social do país. “Não é contra o desporto, é contra as más condições de vida que o povo enfrenta”, referiu um cidadão entrevistado.

Análise Editorial:

A manifestação de desagrado público registada durante um evento desportivo de elevado simbolismo, como é a final de um Afrobasket organizado em solo nacional, representa um sinal de alerta para o Executivo. A arena desportiva, tradicionalmente espaço de união e celebração, converteu-se num palco de contestação política, reflectindo o grau de frustração acumulada na sociedade angolana.

Este episódio ganha relevância não apenas pelo simbolismo do local e do momento – uma final vitoriosa transmitida em directo para milhões de telespectadores – mas também pela espontaneidade da reacção colectiva, que evidencia a erosão da imagem presidencial junto de franjas significativas da população urbana.

A gestão comunicacional do evento, ao recorrer ao abafamento dos protestos com música, indicia uma tentativa de controlo da narrativa que, no entanto, acabou por dar ainda maior visibilidade ao descontentamento popular. O silêncio posterior das autoridades governamentais sobre o episódio apenas adensa a percepção de afastamento entre o poder político e as expectativas dos cidadãos.

Num contexto de elevada tensão social, o episódio do Pavilhão do Kilamba pode representar o prenúncio de uma nova fase na relação entre a opinião pública e o Executivo, em que o desporto — outrora bastião da coesão nacional — passa a ser também espaço de expressão política.

Editor
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