Reativação de projectos paralisados devido à Covid-19, o aumento da actividade de perfuração de poços, bem como a melhoria do preço do petróleo estão na base do crescimento investimento estrangeiro no sector petrolífero.
O Investimento Directo Estrangeiro (IDE) cresceu 21% para 4.080 milhões USD no I Semestre deste ano, quando comparado com os 3.380 milhões do mesmo período de 2022, o que significa que os estrangeiros investiram mais 700 milhões USD, de acordo com o cálculos do Expansão com dados sobre o IDE do Banco Nacional de Angola (BNA).
Na base está o crescimento do sector petrolífero com a reactivação de projectos paralisados, o aumento do nível de actividade de perfuração de poços, bem como os novos incentivos fiscais e melhoria do preço do petróleo, que segundo agências internacionais pode chegar até aos 100 USD por barril antes do final do ano (ver página 33).
Contas feitas, as petrolíferas e empresas estrangeiras que actuam em Angola investiram 3.962,9 milhões USD nos primeiros seis meses do ano no sector petrolífero, o que representa um aumento de 19% face aos 3.335,6 milhões investidos no I semestre de 2022.
Já no sector não petrolífero representou apenas 3% de todo o Investimento Directo Estrangeiro feito no País entre Janeiro e Junho deste ano. Ainda assim, o IDE triplicou ao passar de 44,2 milhões USD para 117,5 milhões.
Para o especialista em petróleo e investigador para questões de Energia do Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica, José Oliveira, o crescimento do IDE no sector petrolífero deve-se ao aumento normal das actividades petrolíferas, uma vez que os projectos paralisados devido à Covid-19 foram reactivados.
“Com a Covid houve projectos que atrasaram e agora estão em marcha. Exemplos dos Blocos 17 e 15/06. Neste último, o Projecto AGOGO é de 7 mil milhões de dólares e está em marcha há uns meses. Também aumentou a actividade de perfuração que está com volumes mensais superiores em relação ao ano passado”, disse.
Já o economista Wilson Chimoco entende que “o desempenho é justificado pelo reinvestimento em alguns projectos, em linha com os novos incentivos fiscais que foram introduzidos em projectos na bacia do Namibe, bem como a melhoria do preço do petróleo.
Entretanto, José Oliveira entende que os principais desafios do sector petrolífero em Angola passam, primeiro, pelo aumento do volume de reservas provadas e possíveis, já que são muito baixas para se manter a produção a uma média à volta de 1 milhão de barris por dia. Em segundo lugar, espera que as companhias operadoras desenvolvam descobertas já feitas, mas que ainda não foram colocadas em produção.
Expansão