O ex-presidente do Perú, Alan García, se suicidou nesta quarta-feira (17) pouco antes de ser detido pela polícia num caso vinculado ao escândalo Odebrecht. Alan García chegou a ser hospitalizado e morreu em consequência de um ferimento à bala na cabeça.
O ex-presidente foi operado de urgência, mas não resistiu. García sofreu três paragens cardíacas, segundo relato da ministra da Saúde peruana, Zulema Tomás.
“Esta manhã aconteceu este acidente lamentável: o presidente tomou a decisão de disparar”, afirmou o advogado de defesa, Erasmo Reyna, ainda na entrada do Hospital de Emergências Casimiro Ulloa, em Lima.
Acusado de ter recebido propina da empreiteira Odebrecht, o ex-presidente do Peru Alan García, 69 anos, viu a polícia a chegar à sua casa no distrito residencial de Lima, em Miraflores, por volta das 06h30 da manhã horário local.
A Justiça peruana tinha pedido a prisão preventiva de García por dez dias. A acusação era de que ele teria recebido subornos da empresa durante seu segundo mandato, entre 2006 e 2011. O ex-presidente sempre negou as acusações.
O pagamento irregular teria relação com um projeto de metro em Lima, capital do país. A informação surgiu durante as investigações da Operação Lava Jato no Brasil e do seu desenvolvimento noutros países.
García chegou a ser levado para um hospital, mas não resistiu. Apoiadores se reuniram do lado de fora do hospital e tiveram que ser contidos pela polícia.
O ministro do Interior do Peru, Carlos Morán, disse para a imprensa que, depois da chegada da polícia, García pediu para fazer um telefonema. Então, teria entrado em uma sala e fechado a porta. Minutos depois, as autoridades escutaram um disparo.
García dedicava diversos postes na sua conta no Twitter para se defender das acusações. Um dia antes da tentativa de prisão e suicídio, escreveu: “Como em nenhum documento sou mencionado e nenhum indício ou evidência me envolvem, só resta a ESPECULAÇÃO ou inventar intermediários. Jamais me vendi e está provado”.
García foi duas vezes presidente do Peru, entre 1985 e 1990 e 2006 e 2011. Também foi senador, deputado e a principal figura do partido Aliança Popular Revolucionária Americana (APRA).
BBC Brasil/RFI Brasil