O Executivo angolano já autorizou, até à primeira quinzena de Julho, despesas na ordem dos 50 milhões de dólares americanos (mais de 43 mil milhões de kwanzas) para aquisição de viaturas destinadas a diferentes entidades públicas, segundo apurou o Novo Jornal com base em despachos presidenciais e no Portal da Contratação Pública.
Entre os órgãos beneficiados estão ministérios, governos provinciais, administrações municipais, institutos públicos e outras estruturas do aparelho do Estado.
A despesa mais expressiva, até ao momento, foi autorizada em Março pelo Titular do Poder Executivo, João Lourenço, num montante de 22 milhões de dólares (cerca de 20,5 mil milhões de kwanzas) atribuídos ao Ministério do Turismo.
O despacho presidencial, por ajuste directo, não especifica o número nem o tipo de viaturas, justificando apenas a medida com a necessidade de criar condições estruturais de apoio à actividade turística.
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Outro valor considerável foi destinado à Empresa Nacional de Distribuição de Electricidade (ENDE), que recebeu autorização para gastar 2,8 milhões de dólares (cerca de 2,6 mil milhões de kwanzas) para a aquisição de 60 viaturas operacionais, com o intuito de reforçar a sua capacidade de intervenção técnica.
O volume total de despesas com viaturas tem gerado debate público, sobretudo num contexto de austeridade económica e de subida dos preços de bens e serviços essenciais, como o transporte e o combustível, que motivam protestos semanais da sociedade civil em Luanda.
Análise Editorial – Correio Digital
As manifestações reflectem um descontentamento crescente com as políticas de ajustamento económico. Enquanto o Executivo justifica as despesas com viaturas como parte da modernização administrativa e apoio logístico aos serviços públicos, a população exige maior sensibilidade social, transparência nos gastos e prioridade às necessidades básicas. O contraste entre a mobilização popular nas ruas e os investimentos milionários em viaturas levanta sérias questões sobre prioridades na gestão dos recursos públicos.
