A febre dos vistos está a alimentar uma nova rede de burlas em Luanda: indivíduos sem vínculo com a VFS Global estão a extorquir dinheiro a cidadãos desesperados por viajar, cobrando marcações que, na verdade, são gratuitas. A empresa já denunciou o esquema e reforçou os alertas de segurança.
A empresa VFS Global, responsável pelos serviços de vistos em Angola, denunciou nesta segunda-feira a existência de uma rede organizada de burladores, que se fazem passar por agentes autorizados para ludibriar cidadãos que pretendem viajar ao exterior ou concorrer a vagas de emprego no estrangeiro.
De acordo com Erika Traça, directora da VFS Global em Angola, os falsos intermediários prometem marcações antecipadas em troca de pagamentos ilícitos, numa altura em que a procura por vistos atingiu níveis recorde no país. Os burladores utilizam logótipos, nomes e dados da empresa para parecerem legítimos, enganando os mais incautos com informações falsas nas redes sociais e motores de busca.
“Os agendamentos são totalmente gratuitos e devem ser feitos apenas no site oficial: www.vfsglobal.com”, alertou a responsável.
A empresa revelou que, para combater esta prática, já implementou medidas rigorosas de segurança, restringindo o acesso aos seus centros a requerentes com marcação válida e proibindo o atendimento a intermediários ou terceiros.
Outras acções incluem:
- Reforço da privacidade dos dados dos utentes;
- Respostas rápidas por e-mail às reclamações e dúvidas;
- Campanhas educativas contra fraude nas redes sociais;
- Denúncia de páginas falsas com uso indevido da imagem corporativa.
Erika Traça sublinhou que a taxa de serviço cobrada pela VFS Global é aprovada oficialmente pelo Governo angolano, e que a empresa não interfere na decisão de concessão de vistos, cabendo isso às representações diplomáticas.
A VFS Global é uma multinacional de terceirização de serviços consulares, com sede na Suíça e nos Emirados Árabes Unidos, operando em mais de 150 países.
Angop
Análise Editorial
A denúncia da VFS Global expõe uma realidade preocupante: a vulnerabilidade digital e social dos cidadãos angolanos face a esquemas de fraude sofisticados. A ausência de literacia digital aliada à elevada procura por vistos internacionais cria o ambiente perfeito para burlas sistemáticas.
Enquanto isso, as autoridades competentes mantêm-se silenciosas, mesmo diante do uso indevido de credenciais oficiais. Este caso reforça a urgência de uma maior fiscalização digital, educação cívica preventiva e acções públicas de responsabilização contra redes que operam impunemente nas redes sociais.
O Correio Digital continuará a acompanhar este tema de interesse nacional, que mistura esperança de mobilidade, burocracia e crime organizado digital.
