Algumas farmácias no país continuam a comercializar medicamentos impróprios para o uso humano, denunciou nesta sexta-feira, em Luanda, a inspectora farmacêutica, Cristina da Cunha.
Em declarações à Angop, à margem de um Simpósio Sobre Contrafacção/Falsificação e Reacções Adversas a Medicamentos, esclareceu que dos produtos referidos figuram analgésicos, anti-retrovirais, anti-maláricos, antibióticos, tuberculostáticos e medicamentos para o tratamento da disfunção erética.
MEDICAMENTOS DE ORIGEM DUVIDOSA
O que acontece, explicou, é que esses medicamentos em desuso são retirados, de forma rotineira, pela Inspecção Geral da Saúde, quando dectetados.
Porém, os proprietários das farmácias, depois de algum tempo, voltam a colocar produtos similares, sem que se saiba a sua fonte de fornecimento.
Sabe-se apenas que os mesmos têm proveniência da Índia, China, República Democrática do Congo e Nigéria.
O inspector geral da Saúde, Miguel de Oliveira, afirmou à imprensa, a esse respeito, que as autoridades angolanas têm vindo a intensificar as acções de controlo e inspecção na entrada de medicamentos através da fronteira Angola/República Democrática do Congo, Zâmbia e Namíbia, descartando a entrada de fármacos falsos por esta via.
FISCALIZAÇÃO
Frisou que há um mecanismo de controlo e fiscalização na entrada de medicamentos nas províncias fronteiriças, através das entidades do Ministério da Saúde e da Administração Geral Tributária que tem permitido a detecção de produtos farmacêuticos falsificados.
Reconhece ser difícil manter a eficácia, pelo que admitiu puderem ( os medicamentos) entrar por via terrestre uma vez que o controlo não seja fácil, dado a extensão das fronteiras do país.
O responsável, aconselhou, por isso, a população a evitar comprar fármacos nos mercados paralelos, uma vez que podem estar fora do prazo e com mutação da composição física e química devido à exposição a temperaturas variadas como calor e frio.
Por sua vez, o secretário de Estado para área Hospitalar, Valentim Matias, considerou que os medicamentos contrafeitos são perigosos por não apresentarem qualidade necessária e os princípios activos não fazerem parte da concentração exigida pelas normas de produção farmacêutica.
De acordo com o responsável, que discursava na sessão de abertura do simpósio, em representação da ministra da Saúde, Silvia Lutucuta, ressaltou que a toma de um medicamento contrafeito no intuito de tratar determinada doença pode agravar o doente, causar uma intoxicação e até mesmo levar à morte.
Apelou às entidades e à população a mobilizar-se para combater a contrafacção e os próprios medicamentos contrafeitos.
O Simpósio sobre Contrafacção/Falsificação e Reacções Adversas a Medicamentos, no qual participam directores clínicos, responsáveis da área farmacêutica de unidades públicas e privadas de Luanda e inspectores farmacêuticos, faz uma avaliação sobre a problemática e as vias mais conducentes para combater o fenómeno.