Nova Secretária Executiva quer reforçar a coesão interna e tornar a CPLP um actor relevante na promoção de investimentos e na valorização da diáspora
A diplomata e antiga ministra angolana Fátima Jardim assumiu hoje, oficialmente, o cargo de Secretária Executiva da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), com uma agenda orientada para a mobilidade, a soberania alimentar, a diplomacia económica e o financiamento sustentável dos programas da organização.
No acto de passagem de pasta, Fátima Jardim reafirmou o seu compromisso com os objectivos estratégicos da CPLP, que celebrará 30 anos em 2026. Entre as suas prioridades, destacou:
- Implementação plena do Acordo de Mobilidade, facilitando a circulação de pessoas e talentos entre os Estados-membros;
- Promoção da soberania alimentar nos países lusófonos, com vista ao fortalecimento da segurança alimentar e ao incentivo à produção local;
- Reforço do papel da língua portuguesa como instrumento de integração, diplomacia e cooperação económica;
- Reestruturação interna da CPLP, para torná-la mais ágil, eficiente e adaptada aos desafios actuais.
“Queremos consolidar a nossa coesão. Somos e seremos mais fortes unidos”, afirmou, numa nota oficial emitida pela organização.
Diplomacia económica e inclusão como pilares de actuação
Fátima Jardim colocou a diplomacia económica no centro da actuação futura da CPLP, defendendo a criação de mecanismos que favoreçam o ambiente de negócios, o comércio intra-CPLP e a atracção de investimentos externos, especialmente em áreas como agricultura, energia, educação e inovação.
A nova Secretária Executiva também enfatizou a valorização da diáspora, apelando à mobilização do capital humano e financeiro das comunidades lusófonas espalhadas pelo mundo, como parte do esforço de inclusão e desenvolvimento sustentável.
Financiamento sustentável como condição para resultados concretos
Ao agradecer ao Secretário cessante, Fátima Jardim reforçou a importância de garantir fontes de financiamento sustentáveis para assegurar a execução efectiva dos programas e projectos em curso na CPLP.
“Para que a CPLP se afirme como bloco económico e cultural, é fundamental que os seus programas sejam financeiramente viáveis e consistentemente apoiados pelos Estados-membros”, declarou.
ANÁLISE EDITORIAL– Correio Digital
A ascensão de Fátima Jardim à liderança da CPLP marca uma nova fase para a organização, com foco na mobilidade estratégica de cidadãos e quadros, na criação de oportunidades de negócios e na dinamização das economias lusófonas. Ao adoptar uma abordagem mais pragmática e virada para resultados, a nova liderança terá de equilibrar diplomacia política com acção económica concreta, num contexto global cada vez mais competitivo.