Mestre em finanças pela Universidade de Strathclyde do Reino Unido e licenciado em economia e relações internacionais pela Universidade de Boston dos Estados Unidos de América (EUA), Alexandre Carreira disse que a seguradora vendeu cerca de 25.000 apólices do seguro de protecção contra assaltos (PCA) em 2022.

O que falta para superar a Ensa Seguros?

O nosso plano estratégico 2020-2023 estabelece como ambição disputarmos a liderança do sector segurador. Relativamente ao crescimento estabelece um objectivo de crescimento médio anual de 30%. Esses dois objectivos estão praticamente atingidos, o que nos deixa bastante satisfeitos. Somos a maior empresa privada do sector segurador angolano. Devo, no entanto, realçar que a Nossa Seguros aborda sempre os seus concorrentes com bastante respeito e cortesia, e entende que, para além de serem concorrentes, são ou podem vir a ser também parceiros por via dos co-seguros em que participamos.

Que dados se destacam na actuação da empresa em 2022?

O ano de 2022 foi bastante positivo. A empresa apresentou um aumento da sua receita na ordem dos 23%, bastante acima do crescimento do sector que se estima ter-se situado em 12%. A Rentabilidade dos Capitais Próprios (ROE, sigla em inglês) situou-se em 36%, acima da rentabilidade dos instrumentos financeiros alternativos. O resultado líquido do exercício apresentou um aumento de 33%. O rácio de sinistralidade situou-se em 27% e tanto a cobertura das provisões técnicas como a margem de solvência situaram-se bastante acima do limite regulamentar que é 100%. Este é certamente um balanço bastante positivo de uma empresa que oferece crescimento e rentabilidade aos seus accionistas.

O que esteve na base destes resultados?

Temos conseguido manter a consistência dos nossos resultados ao longo dos últimos anos. Creio que o sucesso comercial e financeiro reflecte uma combinação de vários factores. A Nossa possui um colectivo de colaboradores muito motivados e faz um grande esforço para comunicar de forma adequada com o mercado. Possuímos uma rede forte de parceiros comerciais que confia na nossa abordagem para o mercado. Para além de trabalharmos afincadamente para melhorarmos a qualidade dos nossos produtos e serviços, dedicamos especial atenção à melhoria da experiência dos nossos clientes e parceiros. Primamos sempre por possuir uma situação financeira sólida que nos permita honrar de forma eficiente os compromissos que temos com os nossos clientes, parceiros, fornecedores e todos os outros parceiros sociais. Através dos nossos relatórios limpos de auditoria externa e do rating internacional que possuímos tem sido possível comprovar o nosso compromisso com a transparência e a disciplina financeira.

Quais são as perspectivas para este ano?

Tudo indica que 2023 será mais um ano de crescimento económico. Acreditamos que continuaremos a obter ganhos ao nível da estabilidade macroeconómica e que veremos acontecer a implementação de importantes projectos de natureza económica promovidos pelo governo com vista a diversificação da economia. O sector segurador deverá beneficiar dessa conjuntura positiva e das reformas estruturais em curso.

Trabalharemos para acompanhar os sectores e as empresas mais dinâmicas da nossa economia e não perderemos o foco no trabalho de protegermos e garantirmos a estabilidade financeira das empresas e das famílias angolanas. Continuaremos a trabalhar na revisão e criação de produtos e serviços, bem como na modernização dos nossos canais digitais e tradicionais. Trabalharemos em várias ferramentas e processos de apoio ao negócio. Contudo, algumas dessas ferramentas e processos apenas gerarão resultados concretos a médio prazo.

Em termos concretos , que dados pode avançar sobre o seguro de protecção contra assaltos?

O seguro de protecção contra assaltos (PCA) foi lançado em 2022 e tem como finalidade proteger as pessoas seguras em caso de acidentes resultantes de assaltos. Esse seguro garante o pagamento ou o reembolso em caso de morte ou invalidez permanente, despesas de tratamento, despesas de renovação de documentos, roubo de bens pessoais, despesas de funeral e/ou despesas de acompanhamento médico psicológico. Por exemplo, em caso de roubo de smartphone, PC, tablet, relógios, óculos ou jóias, a Nossa garante o pagamento do capital contratado para a substituição dos bens roubados. Fomos bem sucedidos com o lançamento desse produto pois logo no seu primeiro ano vendemos cerca de 25.000 apólices.

Na carteira de seguros da Nossa, qual o ramo que mais contribuiu para a rentabilidade?

Os ramos com maior impacto nas nossas receitas são: doenças, outros danos e coisas, automóvel, vida, petroquímica e acidentes de trabalho. O ramo doenças com um total de vendas que rondam os 15,7 mil milhões de kwanzas é o ramo mais importante, seguido pelo ramo outros danos e coisas com 9 mil milhões de kwanzas e o ramo automóvel com 4,7 mil milhões. Mesmo tendo em conta a sinistralidade e outros aspectos financeiros, o ramo Doenças foi o que mais contribuiu para a rentabilidade da nossa empresa.

Qual é a abordagem da Nossa em relação aos crimes cibernéticos tendo em conta os riscos contra a reputação e confiança da marca?

Seguimos uma abordagem estruturada relativamente à segurança da informação. Numa fase de planeamento, definimos políticas, procedimentos e controlos que garantam a segurança dos nossos activos de informação; numa fase de execução, essas políticas e procedimentos são implementadas; e por fim, numa fase de controlo, a implementação e operacionalização das políticas e procedimentos é auditada e avaliada. Criámos um Gabinete de Segurança de Informação (GSI) que é o grande dinamizador de todo esse processo que também é acompanhado ao nível da Comissão Executiva da NOSSA Seguros.

Fale-nos um pouco sobre o programa de formação e capacitação do capital humano tendo em linha de conta as fraudes de natureza cibernética…

Sobre a segurança da informação, temos um programa de formação que é oferecido a todos os colaboradores da empresa através da nossa plataforma de e-learning para além de outros programas de formação mais especializados que oferecemos aos nossos engenheiros informáticos. Também possuímos uma newsletter de segurança de informação que, com regularidade quinzenal, é distribuída a todos os colaboradores por e-mail. Pela importância que atribuímos à segurança cibernética, o tópico já foi escolhido como o tema central de um webinar em que participaram todos os colaboradores da nossa organização. Por fim, de modo a avaliar até que ponto os conceitos e práticas de segurança estão a ser assimilados, são realizados, periodicamente, testes de phishing (e-mail) e vishing (voz).

Qual tem sido a intervenção da Nossa na comunidade?

A Nossa Seguros tem assumido uma postura responsável perante a comunidade em que está inserida. Por exemplo, em 2021 doou um valor equivalente a 10% dos seus resultados líquidos do exercício de 2020 às autoridades governamentais para apoiar nas acções de combate à pandemia da covid-19. Esse gesto reflectiu na prática aquilo que são os valores da empresa. O foco das nossas acções de responsabilidade social tem sido o combate à fome, a melhoria no acesso e na qualidade da saúde e da educação, o desporto e a promoção cultural, de forma a contribuirmos para uma sociedade mais equilibrada. Gostaria de destacar, apenas a título de exemplo, as acções de responsabilidade social que direcionamos à comunidade carenciada de Arimba e à instituições que se ocupam de crianças desfavorecidas tal como o CACAJ e Criança Feliz, que julgamos terem sido de grande impacto.

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