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Futuro Mercado do Kilamba desagrada moradores

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Já decorrem as obras daquele que poderá tornar o município de Belas num dos principais polos comerciais de Luanda, o Mercado do Kilamba.

As dimensões do futuro mercado falam por si. Tem uma extensão de 6,9 hectares, (Cabem 9 campos de futebol e ainda sobra espaço). E segundo o Administrador da empresa responsável pela construção das infraestruturas do futuro Mercado do Kilamba o impacto social será considerável.

O Mercado vai estar dividido em 4 sectores e vai comportar três pisos compostos por lojas, armazéns, tendas, parque infantil, bancadas, quiosques, parques de estacionamentos, câmaras frigoríficas, zonas verdes, dentre outros espaços.

O primeiro sector do mercado vai comportar 46 lojas, o segundo 76 lojas de 12 metros, 54 de10 metros, 150 quiosques e praça de alimentação com capacidade para albergar mil e duzentas pessoas.

MORADORES INSATISFEITOS COM O PROJECTO

Contudo, os moradores da Centralidade do Kilamba, município de Belas, manifestaram o seu desagrado pela construção de um mercado na circunscrição, por acharem que haverá aumento de delinquência, prostituição, falta de saneamento, estacionamento, privacidade e outros constrangimentos.

Contactados pela ANGOP, os moradores afirmam peremptoriamente  que a Centralidade do Kilamba não necessita de um mercado, “nem com um quanto mais com sete hectares”.

Pois este espaço apenas vai aumentar a quantidade de lixo, venda ambulante e outros vícios próprios dos locais onde existem mercados.  

Luzia Faria, moradora do quarteirão R, conhece bem a realidade de viver próximo de um mercado com grande volume de negócio, por ter vivido no  Nelito Soares, nas imediações do Mercado dos Congolenses.

Assim, a moradora diz que a privacidade é invadida, os arredores e as ruas adjacentes aos mercados albergam vendedores ambulantes e são transformadas em casas de banho.

Carlos Borges questiona como será coabitar num espaço reservado a construção de moradias com um movimento tão grande (mercado). Entretanto,o morador sugere à administração que procure um outro local para construir um mercado com a dimensão que pretende.

“Grandes superfícies comerciais do tipo informal não devem estar em centros urbanos. Mercados informais como o do Kikolo são pontos de escoamento de mercadorias provenientes de vários pontos do país e com destino também a vários pontos do país, o que significa grande fluxo de automóveis pesados. Tendo o Kilamba apenas dois acessos, estas estradas rapidamente irão deteriorar-se”, desabafa o morador.              

A moradora Conceição Correia, do Bloco W, afirma que mercados informais atraem e propiciam o surgimento de prostituição e alambiques, e, sendo o Kilamba uma zona urbanizada, não faz sentido a construção de um mercado com dimensões fora do padrão dos habitantes da centralidade.

O sociólogo António Mateus diz que o volume de actividades que um mercado abarca desmorona a tranquilidade e o bem-estar dos moradores. Isto dá-se por se tratar de um espaço comercial que integra uma vasta gama de actividades que atravessam praticamente todos os sectores.

António Mateus afirma que os serviços prestados em mercados como o do Kicolo, KM30, Katintom, Kwanzas, Asa Branca, devem ser criados fora das áreas residenciais, obedecendo certos requisitos. Estes aspectos devem ser observados devido os constrangimentos causados pelos grandes mercados, entre os quais roubos, prostituição, estacionamentos complicados e acumulação de lixo.

Já Sebastião Vinte e Cinco fez o enquadramento jurídico da situação litigiosa entre a administração do Kilamba e a EGTI e diz estar-se perante  um caso de usurpação de terreno, envolvendo um ente público que pode ser responsabilizado. O Jurista afirma que a EGTI pode instaurar uma participação criminal junto da Serviço de Investigação Criminal (SIC).

De acordo com o Jurista a construção do futuro mercado do Kilamba é um acto de desautorização de um ente público que não pretende respeitar os limites da sua actuação e as competências da outra, no caso a EGTI.

No dia 30 de Abril, a Empresa Gestora de Terrenos Infraestruturados (EGTI) teve que suspender a operação que previa demolir o futuro mercado da Centralidade do Kilamba  por falta de consenso entre a entidade gestora e o empreiteiro da obra.

CK/Angop

Editor
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