Aumento da gasolina acelerou preços da cesta básica e dos transportes. Governo reconhece que o grosso dos taxistas e moto-taxistas não dispõe de cartões de subvenção à gasolina e por isso, continuarão a assumir os encargos no abastecimento até beneficiarem de descontos.
O preço do pão e de alguns produtos da cesta básica, como a fuba, subiram nos mercados informais de Luanda, após o início do fim da subvenção aos combustíveis, que no dia 1 de Junho fez disparar o preço do litro da gasolina de 160 Kz para 300 Kz.
As revendedoras justificam a subida dos produtos pelo aumento nos fornecedores e do preço dos fretes de quem transporta o produto do armazém ou do campo para o mercado.
“Quem nos fornece subiu o preço e quem transporta os produtos também aumentou, alegando que a gasolina ficou mais cara. A nossa solução foi aumentar também os preços para termos alguma margem de lucro”, relatou Nádia Vilela, vendedora no mercado do Catinton.
Por exemplo, o Kg da fuba de milho, que na passada sexta-feira, dia 2, custava 200 Kz, na segunda–feira, dia 5, subiu para 250 Kz e a fuba de bombó, que estava a 100 Kz passou para 150 Kz. O Kg de feijão saltou de 500 Kz para 650 Kz. Já o Kg de açúcar teve um incremento de 100 Kz, ao passar de 500 Kz para 600 Kz e o litro de óleo, que era vendido a 900 Kz, passou para 1.100 Kz. O pão também ficou um pouco mais caro, saiu de 20 Kz para 25 Kz em algumas padarias e subiu de 35 a 50 Kz noutras.
Mas estes produtos vendidos a retalho só registaram aumentos porque os grossistas também subiram os preços. Segundo se constatou em vários armazéns de Luanda, os preços subiram 9% e nalguns produtos chegou a 46%. Ou seja, a caixa de óleo, que custava 11 mil Kz subiu para 12 mil Kz, o saco de arroz de 25 kg, que custava 8 mil Kz passou a custar 12 mil Kz e o saco de farinha de trigo, que era vendido a 6.500 Kz passou para 8.500 Kz.
“A maior parte dos produtos que vendemos são exportados e por conta da desvalorização cambial, infelizmente, somos obrigados a actualizar os preços. A nota está a subir cada vez mais e para nós é um caso sério adquirir os produtos”, lamentou David Grewal, empresário eritreu, grossista no Mercado do 30.
Os taxistas, principalmente os ligeiros que actuam dentro dos bairros de Luanda e os moto-taxistas, também aumentaram os preços da corrida e há possibilidade de se registarem subidas no peixe, porque os custos das embarcações movidas a gasolina duplicaram.
No caso dos táxis, conhecidos como gira- -bairros, por exemplo, quem sai da ponte partida, em Viana, para os bairros da Villa-Nova pagava 150 Kz antes e agora tem de desembolsar 200 Kz. Já quem sai da pracinha da Mamã Gorda, no Bairro da Estalagem, também em Viana, para os bairros Donzela e Baixa de Cassanje, paga igualmente 200 Kz, mais 50 Kz do que pagava antes.
O mesmo acontece com os moto-taxistas, que cobram de 200 a 500 Kz, dependendo da distância. Para muitos bairros, se antes havia corridas a 150 Kz, hoje esta tarifa é quase impossível de encontrar, cobram 200 Kz em percursos muito curtos e chegam a facturar até 30 mil Kz por semana.
Para os que trabalham no centro da cidade o “bolo” é ainda maior, ou seja, se antes do aumento dos preços já facturavam até 50 mil Kz por semana, agora duplicam a facturação, porque também saltam para o dobro os custos da gasolina enquanto não tiverem o cartão que garante o combustível subsidiado.
O preço mínimo da corrida custa 500 Kz, sendo que o destino, a hora e a distância é que vai ditar o valor da corrida. Por exemplo, quem sai do centro da cidade para Talatona antes pagava 3.000 Kz e agora desembolsa 5.000 Kz. “Se for muito tarde, a partir das 18h00 terá mesmo de pagar até 7.000 Kz”, revelou Adilson Funeth, moto-taxista há 4 anos.
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